Coiotes que transportavam asiáticos para os EUA com rota no Acre são alvos de operação da PF

O grupo criminoso recrutava migrantes asiáticos, especialmente de Bangladesh e Nepal, para entrarem ilegalmente nos Estados Unidos

Na manhã desta quinta-feira (31), a Polícia Federal deflagrou a Operação Everest e cumpriu mandados em seis estados: São Paulo, Minas Gerais, Rondônia, Roraima, Acre e Amazonas.

A operação teve 104 agentes federais envolvidos e cumpriu 35 mandados de busca e apreensão/Foto: PF

As investigações miraram um grupo criminoso que articulava a migração ilegal de asiáticos para os Estados Unidos, utilizando o Brasil como rota de passagem.

A operação teve 104 agentes federais envolvidos e cumpriu 35 mandados de busca e apreensão e 7 mandados de prisão preventiva.

As prisões aconteceram nas seguintes cidades: Porto Velho/RO, Guajará-Mirim/RO, São Paulo/SP, Jardinópolis/SP, Sumaré/SP, Montes Claros/MG, Boa Vista/RR, Assis Brasil/AC e Manaus/AM, todos expedidos pela 7ª Vara Federal de Porto Velho/RO.

Como o grupo agia?

O grupo criminoso recrutava migrantes asiáticos, especialmente de Bangladesh e Nepal, para entrarem ilegalmente nos Estados Unidos, utilizando rotas clandestinas e expondo as vítimas a condições perigosas, muitas vezes sem que elas tivessem conhecimento dos riscos envolvidos. Em média, cada migrante pagava cerca de dez mil dólares americanos pelo “serviço”.

O esquema operava por meio de redes transnacionais, começando no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, onde os migrantes chegavam ao Brasil, e se estendia até cidades de fronteira no Norte do país, que serviam como corredores para países vizinhos, como a Bolívia, a partir de Guajará-Mirim, e o Peru, a partir de Assis Brasil. De lá, as vítimas seguiam por terra até a fronteira mexicana com os EUA.

Os indivíduos identificados na investigação eram responsáveis pela gestão de pagamentos, documentação falsa e pelo transporte e travessia das fronteiras ao longo do percurso. O objetivo da investigação é responsabilizar aqueles que forneciam tanto o suporte financeiro quanto logístico, incluindo agentes de viagens, taxistas, hoteleiros e coiotes.

Além disso, foram detectadas fraudes em pedidos de refúgio, que visavam a entrada e permanência temporária no Brasil. Um aumento no número de solicitações de refúgio por cidadãos sul-asiáticos, sem justificativas claras nos países de origem, sugeriu um uso indevido do mecanismo humanitário.

A investigação teve início após a prisão em flagrante de coiotes ao longo de 2023 na fronteira com a Bolívia. Em 2024, seis indivíduos foram detidos em flagrante e 22 migrantes do Nepal e da Índia foram resgatados em Guajará-Mirim, na fronteira boliviana. Os suspeitos são acusados de contrabando de migrantes (promoção de migração ilegal) e de associação criminosa.

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