Paulo Cupertino Matias, que será julgado por triplo homicídio qualificado nessa quinta-feira (10/10), afirma ser inocente pelas mortes do ator Rafael Miguel e dos pais do jovem, em 2019, em frente à casa do acusado, na zona sul de São Paulo. Ele ainda afirma ter testemunhado o momento no qual uma terceira pessoa, não identificada, teria efetuado os 13 disparados contra as vítimas.
A versão de Cupertino foi relatada ao Metrópoles pelo advogado Alexander Neves Lopes, nessa terça-feira (8/10).
“Ele me relata que viu quem atirou, mas não sabe quem é. Ele achou a situação complicada e com medo saiu do local”, afirmou o defensor, acrescentando que “cabe à Polícia Civil” descobrir a identidade do assassino supostamente visto por Cupertino.
No júri popular, que ocorre a partir das 13h dessa quinta, Alexander Neves disse ainda que irá “seguir a versão” de Cupertino. De acordo com o defensor, a tese será apresentada à Justiça pela primeira vez. Durante o processo, Cupertino preferiu se manter em silêncio, “porque se equivocou”.
A versão de Cupertino confronta a da filha, Isabela Tibcherani, que afirma ter sido o pai o responsável pelos tiros. O advogado afirmou ter tido acesso às gravações dos depoimentos de Isabela e da mãe dela, Vanessa Tibcherani. Nos registros, o advogado afirmou que ambas não mencionam terem visto, mas somente ouvido os tiros que mataram as vítimas.
Sobre o período no qual Cupertino ficou foragido, por quase três anos, Alexander Neves afirmou que o cliente ficou com receio de se entregar à polícia, por causa da repercussão do caso.
O encontro mais recente entre ambos ocorreu na segunda-feira (7/10). Cupertino, disse o advogado, estava “calmo e esperançoso para dar a versão dele no júri”.
Além de Cupertino, Eduardo José Machado, o Eduardo da Pizzaria, e Wanderley Antunes Ribeiro Senhora serão julgados no mesmo dia por terem ajudado o acusado de homicídio a fugir, conforme investigação do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP).
“Vírus da mídia”
Em uma carta escrita da cadeia ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), cujo teor foi relevado pelo Metrópoles, Cupertino argumenta que os sete jurados que irão definir sua sentença, ou a sua eventual absolvição, foram “infectados com o vírus da mídia” — referindo-se à repercussão do crime, ocorrida em âmbito nacional.
“O processo veio a público em rede nacional, me expondo e colocando todo o sigilo e segredo de justiça em ‘óbito’ e, mais uma vez, contaminando meus direitos e formando e fortalecendo uma opinião pública e negativa contra mim”.
No manuscrito, remetido à presidência do TJSP em junho do ano passado, Cupertino pede liberdade, afirmando ser inocente e que seus direitos “estão sendo negados” com “uma narrativa e fatos que não condiz [sic] com a verdade”.