A máxima segundo a qual santo de casa não faz milagres, em matéria de pesquisas quantitativas, incluindo as de caráter eleitoral, de acordo com os números que emergiram das urnas e confirmados pela Justiça Eleitoral, mostram que o axioma possa estar errado e que nesta ciência, que combina elementos da sociologia com estatística, o Acre está bem servido. Isso significa que quem tem à disposição o Data Control Instituto de Pesquisas, que faz pesquisas no Acre, há quase 30 anos, não precisa recorrer aos grandes institutos nacionais de pesquisas.
Afinal, os resultados das eleições de 2024 praticamente foram os mesmos números apontados pelo Instituto muitos dias antes do pleito. Que o digam os números da reeleição do prefeito Tião Bocalom (PL). No entanto, o Data Control não acertou os números apenas na capital. Acertou onde fez pesquisas, incluindo o município de Pauini, no Amazonas.
No município amazonense, pesquisas do Data Control quase um mês antes das eleições, davam o resultado com a vitória do candidato Renato Afonso na casa dos 60% dos votos. Aberta as urnas, os números do prefeito eleito no município amazonense praticamente refletiram o que as pesquisas apontavam: 54% na espontânea. O resultado das urnas foi 56,91%.
Com a margem de erro, para cima ou para baixo apontada pela própria pesquisa, na casa dos 3%, os números das pesquisas e das urnas foram praticamente os mesmos. Confiança de mais de 95% por cento de acerto.
O mesmo aconteceu no Acre. Além da capital Rio Branco, o Data Control acertou os números das eleições em Cruzeiro do Sul, Mâncio Lima, Brasileia, Tarauacá, Feijó e Sena Madureira. Os resultados das pesquisas refletiram exatamente os registrados na Justiça Eleitoral e divulgados anteriormente pelo Instituto.
Os acertos do Data Control têm sido o principal produto que permitiram que a empresa genuinamente acreana se mantenha há tanto tempo no mercado. Isso é possível graças ao trabalho do fundador do Instituto, o acreano de Feijó, município do interior do Acre, Denis Moura dos Santos, de 64 anos, um cientista político formado nas primeiras turmas do curso da Universidade Federal do Acre (Ufac), no início dos anos 90, e com MBA em Pesquisa pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Sobre seus índices de acertos nas pesquisas, o cientista político diz que “pesquisa eleitoral é uma fotografia no momento que é realizada”, a qual, se “ancorada em duas ciências, a Estatística e a Sociologia, quando bem planejadas e executadas, sem nenhum viés, sempre mostrarão a tendência correta”. Esta é a receita, diz Denis Moura dos Santos.
A primeira grande pesquisa do Data Control no Acre foi feita no início da campanha eleitoral para às eleições estaduais do ano de 1994. Na época, o Data Control apontava dois candidatos no segundo turno da eleição: Orleir Cameli (então pelo PPB) e Flaviano Melo (pelo MDB), com ligeira vantagem para o primeiro. Abertas as unas, os dados foram confirmados, tanto no primeiro como no segundo turno.
A partir daí, o Data Cotrol habilitou-se e passou a fazer pesquisas para a Frente Popular (FPA), durante os governos petistas de Jorge Viana e de Binho Marques , de 1999 a 2010. A partir daí, o Data Control passou a trabalhar para Gladson Cameli, que havia sido eleito para o primeiro de mandato de deputado federal, reeleito em 2010 para a Câmara e em 2014 se elegeu para o Senado, para o Governo do Estado em 2018 e reeleito governador em 2022 – com resultados eleitorais sempre muito próximos do que apontavam as pesquisas do Data Control.
“Nos trabalhamos para políticos, principalmente em período eleitoral, mas também trabalhamos para empresas privadas e para entidades, como a Federação do Comercio do Acre, com a qual temos contrato fixo”, conta Denis Ferreira. “Prestar um bom serviço à população e à democracia é ser transparente e ter respeito com todos. Os pesquisadores do Data Control ouvem com frequência dos entrevistados o seguinte:, para vocês eu dou a entrevista, porque vocês têm credibilidade. Isso aumenta cada vez mais o respeito pelas respostas e interatividade com a população. Também faz aumentar a nossa responsabilidade”, acrescenta Dênis.
O Data Control (Controle de Dados) trabalha com pesquisadores no sistema free-lancer, servidores eventuais que ganham por produção aplicando.
Até 1998, apesar da pesquisa de 1994 com acerto sobre o governador vitorioso naquele pleito, Orleir Cameli, o Instituto realizou pequenos trabalhos em alguns municípios como Plácido de Castro, Rodrigues Alves, Brasiléia, Xapuri e outros. Em 1998 seu trabalho foi apresentado ao então governador Orleir Cameli pelo então secretário de Indústria e Comércio, deputado Cezar Messias.
A pedido do então governador, em 1998, o Data Control fez seu primeiro grande trabalho, uma pesquisa em todo o Estado do Acre, para ser entregue à Companhia de Selva, empresa que fazia o marketing do Governo, empresa dirigida por David Santo Sé e Gilberto Braga de Melo. Que também trabalharam para os governos petistas durante 20 anos.
Dênis Moura lembra que, nesse primeiro trabalho, a empresa não tinha ainda ferramentas mais adequadas, mas contratou um programador de computador e fez sua primeira programada de tabulação de dados. Com o passar do temo o Data Control foi melhorando os programas até adquirir em 2002 um dos melhores programas voltados para pesquisas de um modo geral chamado SPHINX BRASIL, que conjuntamente com mais dois aplicativos são utilizados até hoje.
O cientista político lembra ainda que depois do primeiro grande trabalho, sua empresa conquistou a confiança da Companhia de Selva e vieram mais sucessivos trabalhos até o final da eleição daquele ano de 1998. De 1999 até ao início de 2000 o Data Control fez pequenos trabalhos pontuais.
Em abril de 2000 o Data Control realizou a maior pesquisa política da história do Acre até hoje ao entrevistar cinco mil pessoas em Rio Branco, quase 4% do eleitorado da capital naquele ano. A pesquisa serviu para tomada de decisão de Flaviano Melo para ser candidato a prefeito naquele ano quando sagrou-se vitorioso.
“Nesse ano de 2000, mais uma vez, numa dobradinha Companhia de Selva/Data Control, foi realizada a campanha vitoriosa de Flaviano Melo, numa eleição acirradíssima cujo número final e nossa previsão, a diferença foi de apenas 0,17%”, disse Denis Moura.
Em 2001, juntamente com a Companhia de Selva, o Data Control foi convidado a prestar serviços ao Governo do Estado, na gestão do Governador Jorge Viana e posteriormente do governador Binho Marques, onde permanecemos até 2010.
Nesse mesmo ano de 2010 o sócio Denis Moura conheceu o então deputado federal Gladson Cameli, candidato a seu segundo mandato e desde então nasceu uma relação de confiança entre ambos. “Nesse período de 2001 a 2010 também atuamos nos estados do Amazonas e Amapá”, revelou.
De 1997 até 2024 o Data Control produziu aproximadamente mil pesquisas, sejam elas políticas, administrativas, sociais ou de mercado, para um número muito grandes de clientes como jornais, sites, políticos, supermercados, bancos, empresas de construção civil, prefeituras municipais, governos estaduais e entidades como as federações das Indústrias, do Comércio e diversas empresas e segmentos privados.
Apesar de seu elevado grau de acertos, o Data Control, em 30 anos de atuação, amargou um único vexame, cujos resultados foram diferentes dos números apresentados em suas pesquisas. O caso deu-se nas eleições municipais de 2016, em Assis Brasil. “Olhando para trás, eu diria que o erro ali se deu em função de que o eleitorado indígena na localidade era bem alto e esse pessoal votava lá mesmo nas aldeias, onde nossos pesquisadores não foram. Mas aprendemos com aquele erro”, diz Denis Moura.