A nova política e suas implicações
A partir de 12 de novembro de 2024, os usuários brasileiros do Disney+ começarão a receber notificações informando sobre as mudanças no uso das contas. Essa política já foi implementada em outros mercados, como Canadá, Estados Unidos, Costa Rica, Guatemala, além de países da Europa e da Ásia. A plataforma agora está expandindo essa prática para a América Latina, seguindo o exemplo de seus concorrentes e ajustando suas diretrizes de uso.
Até o momento, os assinantes podiam compartilhar suas senhas com amigos e familiares que não morassem no mesmo endereço, uma prática bastante comum para reduzir os custos com serviços de streaming. No entanto, com a nova medida, a Disney+ passará a cobrar uma taxa adicional para quem desejar continuar a compartilhar suas contas fora do núcleo familiar. Nos Estados Unidos, por exemplo, o custo para adicionar um usuário externo é de aproximadamente US$ 6,99 (cerca de R$ 40), e espera-se que um modelo semelhante seja adotado no Brasil.
Como a Disney+ irá controlar o compartilhamento
Assim como outras plataformas de streaming, a Disney+ utilizará diversos parâmetros para identificar quando uma conta está sendo utilizada fora do endereço registrado. Esses parâmetros incluem o monitoramento de atividades na assinatura, dispositivos conectados e a rede de Wi-Fi utilizada pelos usuários. Se o sistema detectar que a conta está sendo acessada fora do endereço principal, o titular da assinatura será notificado e poderá optar por pagar uma taxa para continuar a permitir o uso compartilhado ou restringir o acesso externo.
Essa mudança se alinha à estratégia da Disney de aumentar sua base de assinantes pagantes e melhorar suas margens de lucro. Nos últimos anos, o mercado de streaming enfrentou perdas significativas devido à prática de compartilhamento de senhas, o que reduziu a quantidade de assinaturas individuais e impactou diretamente a receita das plataformas.
Impactos esperados para os usuários
O fim do compartilhamento de senhas provavelmente gerará reações mistas entre os usuários. Enquanto alguns podem optar por pagar a taxa adicional para manter o acesso compartilhado, outros podem preferir cancelar suas assinaturas ou buscar alternativas mais econômicas. De fato, a Netflix, que implementou uma política semelhante em 2023, experimentou um aumento temporário no cancelamento de assinaturas, seguido de uma recuperação com a adesão de novos assinantes. O mesmo pode acontecer com o Disney+, que, apesar das reações iniciais, pode ver um crescimento em sua base de usuários à medida que mais pessoas assinem o serviço individualmente.
Para alguns assinantes, a nova regra pode representar um desafio logístico. Aqueles que possuem mais de uma residência, como casas de praia ou campo, ou que viajam frequentemente, podem ter dificuldade em acessar suas contas sem enfrentar restrições. A Disney+ promete oferecer soluções, como a utilização de códigos de acesso temporário para permitir o uso da plataforma fora da residência principal, mas esses detalhes ainda estão sendo ajustados para atender melhor às necessidades dos usuários.
O movimento global e o impacto no Brasil
A decisão de acabar com o compartilhamento de senhas segue uma tendência global no setor de streaming. Além da Netflix e da Disney+, outras plataformas estão revisando suas políticas de compartilhamento na tentativa de reduzir as perdas financeiras causadas pelo uso não autorizado de contas. A Disney, em particular, está focada em aumentar sua lucratividade, principalmente após ter enfrentado prejuízos significativos em seu segmento de streaming, que somaram cerca de US$ 4 bilhões.
No Brasil, o impacto dessa decisão pode ser sentido de maneira diferente em relação a outros mercados. Com a economia instável e a crescente oferta de plataformas de entretenimento, muitos usuários podem reconsiderar suas assinaturas ou optar por serviços mais acessíveis. No entanto, o Disney+ continua sendo um dos serviços de streaming mais populares no país, com um vasto catálogo de conteúdo que inclui as franquias da Marvel, Star Wars e Pixar, além de produções exclusivas da Disney.
Expectativas futuras para o Disney+
O fim do compartilhamento de senhas faz parte de uma estratégia mais ampla da Disney para aumentar a rentabilidade do Disney+. Além dessa mudança, a empresa tem investido em parcerias e fusões para fortalecer seu catálogo de conteúdo. A fusão do Disney+ com o Star+ e a ESPN, por exemplo, foi um dos fatores que ajudou a plataforma a apresentar um lucro operacional de US$ 47 milhões, conforme relatado no último balanço financeiro da empresa. Essas ações demonstram o esforço da Disney para consolidar sua posição no mercado de streaming, equilibrando a oferta de conteúdo diversificado com medidas que garantam a sustentabilidade financeira da plataforma.
Para os usuários, o futuro pode trazer novos ajustes, tanto em relação ao conteúdo oferecido quanto à estrutura de preços. A Disney+ já sinalizou que pretende continuar aprimorando suas funcionalidades, oferecendo uma experiência mais integrada e personalizada para seus assinantes. No entanto, é provável que, assim como a Netflix, a Disney enfrente resistência inicial à mudança, especialmente de usuários que já estavam acostumados com o compartilhamento irrestrito de suas contas.
Cronologia da implementação
- Setembro de 2024: O Disney+ começa a implementar a política de fim do compartilhamento de senhas em países como Estados Unidos, Canadá, Costa Rica e Guatemala.
- Outubro de 2024: A medida é anunciada para o Brasil, com previsão de entrar em vigor no mês seguinte.
- 12 de novembro de 2024: Data oficial para o início das notificações sobre o fim do compartilhamento de senhas no Brasil.
A decisão da Disney+ de acabar com o compartilhamento de senhas é um movimento significativo na indústria de streaming, que visa equilibrar as finanças da empresa e fortalecer sua posição no mercado. Para os usuários brasileiros, a mudança pode representar um custo adicional, mas também uma oportunidade para repensar a forma como consomem conteúdo digital. À medida que a data de implementação se aproxima, resta saber como os assinantes irão reagir e se o Disney+ conseguirá replicar o sucesso obtido por outros serviços que adotaram políticas semelhantes.