Semanas após as disputas acirradas das eleições municipais deste ano, o Acre vive mais um pleito conturbado, cheio de acusações pessoais e que promete movimentar os bastidores da política. Apesar de não ser uma eleição que vai eleger um novo parlamentar ou governador, as eleições pela presidência da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Acre (OAB/AC) mobilizaram os maiores atores políticos do estado.
Ao todo, são apenas dois candidatos na disputa: o atual presidente Rodrigo Aiache e a candidata da oposição, Marina Belandi, primeira mulher a disputar o cargo na história da seccional acreana.
Aiache, por exemplo, é genro do ex-governador e atual presidente da Apex Brasil, Jorge Viana e tem o apoio de nomes importantes da esquerda no Acre. Além de presidente da OAB, ele também é advogado do filho do presidente Lula, Luís Cláudio.
Já Marina, é apontada como a candidata do Palácio Rio Branco, do Governo e da Prefeitura da capital.
Polêmica!
O secretário da Casa Civil, Jonathan Donadoni – um dos principais mentores do governador Gladson Cameli – ganhou destaque nacional após um comício ao lado do prefeito de Cruzeiro do Sul, Zequinha Lima, em que deixa claro a interferência do governo na eleição da seccional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
“Hoje, Zequinha, eu me sinto gratificado em dobro pela sua vitória. E vamos derrotar de novo, em uma outra eleição que vai vir aí, que é a da OAB, que nós vamos derrotar também, que vamos para outra eleição”, disse o chefe da Casa Civil do governador.
O recado foi claro: o plano do Governo é eleger Marina Belandi na OAB e garantir a hegemonia do governador no Poder Judiciário, principalmente na influência do Palácio Rio Branco nas vagas destinadas à advocacia na Justiça do Estado.
Governo e Prefeitura unidos!
O prefeito Tião Bocalom também caiu de cabeça na campanha de Marina. Nas redes sociais, ele confirmou a ideia de que ela ‘representa a direita’, enquanto o atual presidente, Rodrigo Aiache, estaria incluído ‘na esquerda’.
“Ela [Marina] é competente e, principalmente, representa a nossa direita que não aceita acabar com as denominações de PAI e MÃE e de MASCULINO e FEMININO que a esquerda quer acabar!”, escreveu o prefeito, destacando ainda: “A OAB é muito importante nesta luta! Sem contar as inúmeras outras bandeiras que a esquerda defende!”, escreveu Bocalom.
Aleac no jogo!
Os deputados da Aleac também já definiram seus candidatos ao cargo. Os parlamentares juristas, como Eduardo Ribeiro (PSD) – atual vice-líder do Governo na Casa, deve contrariar o desejo do Palácio e apoiar a reeleição de Rodrigo Aiache.
Fagner Calegário (Podemos), outro deputado advogado, também é aliado de Aiache.
Já o juiz aposentado, deputado Pedro Longo (PDT), é um apoiador da candidatura de Marina Belandi.
Caminho para 2026
As eleições da OAB também têm impacto direto na próxima disputa estadual em 2026. Com Aiache e Marina claramente em lados políticos opostos, quem sair vencedor, fortalecerá o seu grupo de apoio. Se o atual presidente conseguir se reeleger, ganha os políticos mais ligados ao campo progressista. Se Marina levar a melhor, quem também sai vitorioso é o Governo do Estado e os aliados da direita bolsonarista.
Em uma eleição estadual completamente indefinida, cada apoio é indispensável.