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Faculdade não reconhece diploma de técnica responsável por emitir laudos de órgãos com HIV

Por G1

O diploma de biomédica apresentado pela auxiliar administrativa que trabalhava no PCS Lab Saleme, Jacqueline Iris Bacellar de Assis, de 36 anos, cuja assinatura aparece em um dos laudos que atestaram que os doadores de órgãos não tinham HIV, não foi reconhecido pela Universidade Pitágoras Unopar Anhanguera.

A instituição informou ao g1, nesta terça-feira (15), que não identificou o documento em seus registros. “A instituição não emitiu certificado de conclusão de curso de graduação, de qualquer natureza, para a Jacqueline Iris Bacellar de Assis“, diz a nota da instituição de ensino.

Certificado entregue por Jacqueline Iris ao PSC Lab Saleme — Foto: Divulgação

Jacqueline — que se apresenta como técnica em patologia clínica — foi alvo de uma operação da polícia, nesta segunda (14), e é considerada foragida.

O certificado de formação foi entregue ao laboratório PSC Lab Saleme, que está sob investigação por emitir exames com falsos negativos para HIV no RJ, em agosto deste ano, como mostra uma conversa de aplicativo de mensagens. A empresa afirma ter recebido o documento de Jacqueline no momento de sua contratação.

Conversa entre Jacqueline Iris Bacellar de Assis e o PSC Lab Saleme — Foto: Divulgação

No diploma, entregue por Jacqueline ao PSC Lab Saleme, ele diz que a mulher fez o curso de Biomedicina, na Universidade Pitágoras Unopar Anhanguera.

O diploma é datado de 26 de abril de 2022. O documento está escrito: “outorga-lhe o presente diploma, a fim de que possa exercer todos os direitos e prerrogativas legais dele decorrente”.

O PSC Lab Saleme garante que a técnica enviou à empresa o diploma de biomédica e carteira profissional com habilitação em patologia clínica. A clínica enviou o print de uma conversa com Jaqueline em que ela teria enviado o diploma da Unopar.

Jacqueline Iris Bacellar de Assis — Foto: Reprodução/TV Globo

O advogado José de Arimatéia Félix, que faz a defesa de Jacqueline, foi procurado para comentar o caso. No entanto, ele não respondeu aos questionamentos da reportagem.

Jacqueline é inscrita no Conselho Regional de Farmácia do Rio de Janeiro (CRF-RJ) como técnica de patologia clínica.

Assinatura de Jacqueline Iris Bacellar de Assis no registro de Júlia Moraes de Oliveira Lima. — Foto: Reprodução/TV Globo

O órgão disse ao g1 que a técnica em laboratório possui inscrição ativa como profissional de nível médio. Para assinar laudos, no entanto, o conselho diz que é preciso ter uma formação acadêmica de nível superior.

A profissional também está com o registro ativo no Conselho Federal de Farmácia (CFF).

Quem é quem na investigação:

  1. Walter Vieira: é sócio do PCS Lab Saleme, médico ginecologista, responsável técnico do laboratório e signatário de um dos laudos errados. Vieira também é tio do deputado federal Doutor Luizinho (PP), que foi secretário de Saúde do RJ no ano passado. Foi preso.
  2. Ivanilson Fernandes dos Santos: técnico de laboratório contratado pelo PCS para fazer análise clínica no material que chegava da Central Estadual de Transplantes. Foi preso.
  3. Jacqueline Iris Bacellar de Assis: auxiliar administrativa que trabalhava no PCS Lab Saleme e cuja assinatura aparece em um dos laudos que atestaram que os doadores de órgãos não tinham HIV. Está foragida.
  4. Cleber de Oliveira dos Santos: Cleber é biólogo e técnico de laboratório contratado pelo PCS para fazer análise clínica no material que chegava da Central Estadual de Transplantes. Está foragido.
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