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Grafiteiros protestam contra queimadas pintando mural de 25 metros em rua de Porto Velho

Por Tião Maia, ContilNet

“A arte existe porque a vida não basta”, disse o falecido poeta maranhense Ferreira Gullar ao explicar o sentido da arte. Para ele, “a função da arte é inventar a realidade”, porque “a arte é a visão das coisas que não conhecemos”. “A arte é alguma coisa que não existia antes”, definiu.

Ao que tudo indica, quatro artistas plásticos de Rondônia conheceram e levaram ao pé da letra os ensinamentos do mestre maranhense. Reportagem da versão eletrônica da Revista Veja mostra que eles encontraram na arte uma forma elegante e contundente de chamar atenção para problemas políticos, sociais e mais recentemente ambientais.

Painel pintado na Rua Amazônia, em Porto Velho/Foto: Revista Veja

Assim, o quatro artistas, aproveitaram um muro da rua Amazônia, no centro da capital Porto Velho, para uma exposição a céu aberto das imagens retratadas por eles para impactar e registrar os crimes contra a biodiversidade da Amazônia, neste período de fenômenos climáticos, de seca severa e de incêndios florestais, acidentais ou de propósito.

O mural de 25 metros de extensão, muito mais que uma obra de arte, é uma denúncia em praça pública. Nos muros da Rua Amazônia, on. onde está o mural, ela pintou a floresta ardendo em chamas e a fuga em massa dos pássaros. Cada um do artistas pintou figuras que simboliza simbolizam a região para destacar o que o mundo perde com a devastação do meio ambiente.

Rondônia lidera o ranking das maiores perdas de vegetação nativa das últimas quatro décadas. Praticamente 40% desse território amazônico virou pastagem. Atualmente são 9 milhões de hectares de fazenda… de hectares de fazendas de criação de gado contra 12 de florestas, sendo que há 40 anos, quase tudo era floresta.

“A nossa inspiração é oferecer uma arte-manifesto, que convide as pessoas a refletirem sobre o que acontece todos os anos na região amazônica, principalmente entre agosto e outubro, época das queimadas que são criminosas, na maior parte”, diz a grafiteira Nath, uma das artistas que assina a obra, em declarações reproduzidas pela Revista Veja. “A impunidade prevalece, aumentando a sensação de insegurança climática”, acrescentou.

Já Rbsks, filho de beiradeiros, reproduziu os povos originários, que foram afetados com as queimadas e e a diminuição do volume de água dos rios, que dificultou a pesca e o transporte da população. O Rio Madeira, por exemplo, a principal hidrovia do Estado, alcançou este ano o menor nível dos últimos 30 anos.

Em função disso, muitas comunidades ficaram isoladas e precisaram de ajuda do governo. Há ainda outros dois grafiteiros, Silva e Larop, que participaram da obra com pinturas que revelam as impressões subjetivas registradas de uma temporada de muita fumaça, seca, poluição e vidas perdidas.

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