Cansada de ver a filha chegar da creche com marcas de mordidas, uma mãe de 34 anos decidiu procurar a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) para denunciar a instituição de ensino. Nessa quarta-feira (16/10), a criança, de 2 anos, chegou em casa com mais um hematoma no braço, o que motivou a responsável pela aluna a procurar ajuda.
Desde 2023, quando ingressou no berçário, a menina estuda na creche Casa do Candango, na Asa Sul. Desde então, a criança teria sido mordida por diversos colegas mais de 20 vezes, contou a mãe – que pediu para não ter a identidade divulgada.
Ainda no ano passado, os episódios se tornaram tão frequentes que a coordenação da creche informou que manteria uma monitora em sala de aula, exclusivamente com a menina. No entanto, a medida não saiu do papel.
“Minha filha se queixa de que os colegas estão mordendo-a. Ela fala que não podem morder, que é errado, chora. Às vezes, diz que está com medo e que não quer ir pra aula”, relatou a mãe da menina.
Veja imagens das marcas:
Em 2024, ocorreram ao menos 12 episódios – dois dos quais na última semana, na mesma parte do corpo –, com a menina mordida nas mãos, nos braços e nas costas. Uma das marcas, inclusive, sobrepôs-se a outra, o que deixou evidentes as lesões da criança.
A segunda mordida desta semana ocorreu na quarta-feira (16/10) e foi a “gota d’água” para a mãe. Ela contou que, ao buscar a filha na creche, encontrou-a de casaco, algo que considerou incomum. Em casa, a menina se queixou de calor e tirou o agasalho. Então, a mãe viu o hematoma e procurou a 2ª Delegacia de Polícia (Asa Norte).
Até então, a responsável pela aluna estava em contato apenas com a creche, que informava se tratar de uma situação “comum”. “A creche dizia ser normal da fase de desenvolvimento das crianças. Entendo uma, duas e até três mordidas. Mas essa frequência em apenas uma semana é demais”, criticou.
“Minha filha é uma criança doce, gentil, comunicativa e que gosta de interagir com os colegas. A escola às vezes dizia que [morder] faz parte do desenvolvimento; que era disputa por brinquedo; ou que algum coleguinha sentiu ciúme dos cuidados de alguma monitora específica ou da professora. Mas já não sei mais”, desabafou a mãe.
Apuração do caso
Por meio de nota, a Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEEDF) informou que a creche é uma instituição parceira da pasta e presta serviço ao Governo do Distrito Federal (GDF) por meio de termo de colaboração.
A SEEDF acrescentou que não identificou qualquer registro junto à Ouvidoria do GDF sobre o ocorrido e que a situação também não foi comunicada oficialmente à Coordenação Regional de Ensino (CRE) do Plano Piloto.
“O caso será encaminhado à Comissão de Monitoramento e Avaliação das Parcerias (CMap), bem como apurado pela corregedoria. […] A SEEDF repudia qualquer forma de violência e reforça o compromisso com um ambiente seguro e acolhedor para todos os estudantes”, completou a secretaria.
O Metrópoles entrou em contato com a creche Casa do Candango para pedir posicionamento sobre o caso e aguarda resposta.