Historiadora, cantora e produtora de conteúdo adulto: quem é Tertuliana Lustosa, que fez dança erótica na UFMA

Nas redes sociais, a travesti falou que não é a primeira vez que causa polêmica por causa de seu estudo que defende a liberdade do corpo, e já foi apresentado em outras universidades do Brasil

A historiadora da arte e cantora piauiense Tertuliana Lustosa causou polêmica ao fazer uma performance erótica durante um evento realizado nessa quinta-feira (17), na Universidade Federal do Maranhão (UFMA). O episódio aconteceu durante uma palestra do seminário “Dissidências de gênero e sexualidades”, organizado pelo Grupo de Pesquisa Epistemologia da Antropologia, Etnologia e Política (Gaep).

Tertuliana Lustosa é historiadora, pesquisadora e autora do livro Manifesto Traveco-Terrorista

Tertuliana Lustosa é historiadora, pesquisadora e autora do livro Manifesto Traveco-Terrorista — Foto: Reprodução

Após a repercussão do caso, a própria historiadora, que é travesti, compartilhou em suas redes sociais o vídeo em que aparece durante a palestra cantando e dançando o brega funk de sua autoria “Educando com o C*”. Na performance, Tertuliana chega a mostrar os glúteos para a plateia e é aplaudida após o término.

Nas redes sociais, Tertuliana falou que não é a primeira vez que causa polêmica por causa do estudo, que já foi apresentado em outras universidades do Brasil, entre elas a Universidade Federal da Bahia (UFBA) e Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), ambas em 2023.

Em nota, a UFMA disse que “está averiguando o ocorrido e tomará as providências cabíveis, após o comprometimento de ouvir todas as vozes, reafirmando seu compromisso com um ambiente acadêmico inclusivo, respeitoso e transparente.” (Leia a nota na íntegra abaixo)

Cantora e compositora

Nascida no interior do Piauí e criada em Salvador, Tertuliana Lustosa é historiadora, pesquisadora e autora do livro Manifesto Traveco-Terrorista. Em um de seus artigos científicos, intitulado “Educando com o c*: traveco-terrorismo e descolonialidade de gênero na arte”, ela defende o prazer e o corpo enquanto potências pedagógicas e artísticas.

Tertuliana também se apresenta como cantora e compositora da banda A Travestis, que lançou a música “Educando com o C*” nas plataformas de áudio. A pesquisadora ainda mantém um perfil no Privacy, uma plataforma online de conteúdo adulto.

Em seu perfil no Instagram, com quase 34 mil seguidores, ela divulga seus trabalhos que propõe uma metodologia pedagógica diferenciada, voltada à liberdade sexual.

Nas redes sociais, vários internautas criticaram a performance da historiadora e consideraram a apresentação como “vergonhosa” por ter sido feita em uma palestra num ambiente acadêmico.

Nota da UFMA

“Nesta quinta-feira, 17, a historiadora Tertuliana Lustosa, na condição de palestrante convidada pelo Grupo de Pesquisa Epistemologia da Antropologia, Etnologia e Política – GAEP, apresentou a sua pesquisa durante a Mesa-Redonda “Dissidências de gênero e sexualidades”, em que reproduziu e performou uma de suas canções, considerada inapropriada para o momento e a construção do debate acadêmico-científico em que se encontrava.

Como sabido, a Universidade é um espaço plural e de diálogos, dedicado ao conhecimento, à diversidade de ideias e ao respeito mútuo. Por isso entendemos que a liberdade de expressão é um pilar fundamental da academia, mas também ressaltamos a importância de se manter um ambiente harmônico e respeitoso para todos os membros da nossa comunidade.

Por ser um lugar de múltiplas formas de conhecimento, os cursos, de graduação e de pós-graduação, possuem autonomia para discutir os variados temas que permeiam a nossa sociedade e que se apresentam com base em diversas teorias científicas. Ressalta-se. contudo, que a UFMA não compactua com quaisquer tipos de ações que possam desrespeitar os valores e princípios basilares da instituição.

Nesse sentido, a UFMA informa que está averiguando o ocorrido e tomará as providências cabíveis, após o comprometimento de ouvir todas as vozes, reafirmando seu compromisso com um ambiente acadêmico inclusivo, respeitoso e transparente.

Reafirma-se, por fim, que todos os esforços da Universidade buscam a melhoria de uma sociedade mais justa, inclusiva e comprometida com a pluralidade de vozes e saberes em defesa do ensino público, gratuito e de qualidade.”

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