O funcionário de um bar em Belo Horizonte (MG), que gravou e divulgou um vídeo de caráter racista questionando a Lei Áurea que alforriou e acabou com a escravidão de negros do Brasil, está preso. Ele tinha mandado de prisão em aberto por crimes de violência doméstica e familiar contra a esposa.
“Ele está sendo recapturado e responderá também pelos crimes eventualmente praticados de racismo”, afirmou o tenente-coronel Eduardo Lopes, comandante do 13º Batalhão da PM de Minas Gerais, segundo o G1.
O conteúdo racista foi compartilhado pelas redes sociais na madrugada da última sexta-feira (18). Após a repercussão do caso, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) solicitou uma investigação policial.
Na publicação, Alessandro Pereira de Oliveira, de 36 anos, criticou a abolição da escravidão no Brasil e disse que pessoas pretas “têm que tomar água do vaso”.
“Nós tomamos conhecimento da presença desse cidadão em Belo Horizonte após justamente a repercussão de uma fala dele nas redes sociais. A partir daí, o serviço de inteligência da PM começou a realizar o devido acompanhamento e monitoramento, partindo do local em que ele trabalhava”, explicou o tenente-coronel.
O homem era funcionário de um bar no bairro Universitário, na Região da Pampulha, em Belo Horizonte e foi demitido depois que o dono tomou conhecimento sobre o ocorrido.
“Através do Disque Denúncia, o serviço de inteligência, juntamente com os policiais militares da Tático Móvel, realizaram hoje uma operação. Ele estava no bairro Jaqueline, estava utilizando um apartamento. Após o cerco da PM, ele viu que não teria nenhuma alternativa de fuga e acabou se entregando, permitindo o nosso acesso”, detalhou o comandante.
No vídeo, que repercutiu em todo o país, o homem fez críticas à Lei Áurea, assinada pela Princesa Isabel para extinguir a escravidão no Brasil, em 1888, e diversas ofensas racistas. Veja o que ele diz no vídeo:
“É, rapaz. Trabalhar em bar não é fácil, não. Tem que aturar cada uma. Maldita Princesa Isabel, que assinou aquela Lei Áurea para acabar com a escravidão. Preto tem que entrar no chicote e no tronco mesmo, tem conversa não. Ai, ai… […]. Vê se preto tem razão pra reclamar de p* de copo. Tem que tomar água do vaso essa desgraça. Falar pra você, viu… Eu tinha que ter vivido na época dos barões, cortar essa raça toda no chicote, amarrar no tronco e chicote estalando no lombo. Amarrar na caixa de ferro e deixar o dia todo no sol esses demônios. Falar pra você, viu… Eu tenho que aturar macaco aqui me enchendo o saco. […]” .
A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) informou que Alessandro Pereira de Oliveira tem quatro passagens pelo sistema prisional. Na última vez em que esteve preso, ele recebeu o benefício de saída temporária pela Justiça e não retornou no prazo determinado. Alessandro foi registrado como fugitivo por abuso de confiança e, desde março deste ano, estava com um mandado de prisão em aberto pelos crimes de descumprir decisão judicial que defere medidas protetivas de urgência previstas; Perseguir alguém, reiteradamente e por qualquer meio, ameaçando-lhe a integridade física ou psicológica; Causar dano emocional à mulher que a prejudique e perturbe seu pleno desenvolvimento ou que vise a degradar ou a controlar suas ações […]; Divulgar cena de estupro ou pornografia): Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, vender ou expor à venda, distribuir, publicar ou divulgar, por qualquer meio […] cena de estupro ou de estupro de vulnerável ou que faça apologia ou induza a sua prática […].
O dono do bar onde o homem trabalhava, Alex Sandro de Oliveira, disse à TV Globo que só soube do vídeo depois de ser abordado por clientes e questionado sobre a publicação. “Eu sou contra o racismo. Fiquei indignado. Tenho parentes negros. Mandei ele embora na hora”, afirmou Alex Sand.