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Maysa Bezerra: onde há foco, há desfoco; confira o artigo na íntegra

Por Maysa Bezerra, ContilNet

Em um mundo onde somos constantemente bombardeados por informações e estímulos, a capacidade de focar tornou-se uma habilidade valiosa e, ao mesmo tempo, desafiadora. No entanto, como amiga da mente, tenho estudado bastante e observado que, é crucial entender que onde há foco, há também desfoco. Essa dualidade pode ser observada em diversos aspectos do nosso cotidiano e é confirmada por estudos científicos.

Imagine que você está em uma reunião importante e decide verificar rapidamente uma mensagem no seu celular. Esse pequeno desvio de atenção pode parecer inofensivo, mas estudos mostram que pode levar até 23 minutos para que o cérebro recupere totalmente o foco original. Isso é conhecido como o “custo da troca de tarefas” e foi amplamente estudado por neurocientistas como Gloria Mark, da Universidade da Califórnia, Irvine.

Foto: Adobe Stock

No dia a dia, vemos exemplos claros de como o foco em uma tarefa pode levar ao desfoco em outras. Um motorista que se distrai com uma conversa ao telefone pode não perceber um pedestre atravessando a rua. Da mesma forma, um estudante que tenta estudar enquanto assiste TV pode acabar não absorvendo nem o conteúdo do livro, nem o programa de televisão.

A vida afetiva e pessoal também é profundamente impactada pela nossa capacidade de focar. Em relacionamentos, a falta de atenção pode levar a mal-entendidos e sentimentos de negligência. Por exemplo, um parceiro que está constantemente distraído com o trabalho pode não perceber as necessidades emocionais do outro, causando tensão e conflitos. Em um estudo da neurocientista Amishi Jha, da Universidade de Miami, destaca que práticas de mindfulness podem ajudar a melhorar o foco e a presença, fortalecendo os laços afetivos.

Neurocientistas como Daniel Levitin explicam que o cérebro humano não é projetado para multitarefa. Em seu livro “A Mente Organizada”, Levitin argumenta que, ao tentar fazer várias coisas ao mesmo tempo, o cérebro na verdade alterna rapidamente entre as tarefas, o que resulta em um desempenho inferior em todas elas.

A relação entre foco e desfoco é ainda mais evidente em pessoas que sofrem de depressão. Estudos mostram que indivíduos com depressão têm dificuldade em manter o foco, o que pode levar a um ciclo vicioso de pensamentos negativos e incapacidade de realizar tarefas diárias.

É importante lembrar que o cérebro não é totalmente racional em suas crenças e percepções. Muitas vezes, ele se apega a crenças irracionais que podem afetar nosso foco e bem-estar. Como disse o neurocientista Antonio Damasio, “nós não somos máquinas pensantes que sentem, somos máquinas sentimentais que pensam”.

Portanto, onde há foco, há desfoco. Entender essa dinâmica pode nos ajudar a melhorar nossa produtividade, bem-estar e relacionamentos. Ao reconhecer os limites do nosso cérebro e adotar práticas que promovam um foco saudável, podemos navegar melhor pelas demandas do mundo moderno.

Que este texto tenha capturado sua atenção e oferecido insights valiosos sobre a complexa relação entre foco e desfoco. Afinal, compreender nosso cérebro é o primeiro passo para viver de forma mais equilibrada e consciente.

 

Maysa Bezerra

Estrategista & Storyteller

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