O Ministério da Saúde afirma que houve um “desabastecimento momentâneo” nos estoques de vacina contra Covid-19 no Sistema Único de Saúde (SUS) neste mês, mas nega o cenário de ausência generalizada de imunizantes. Segundo o ministério, o desabastecimento aconteceu devido ao vencimento dos lotes.
O estoque de vacinas de Covid encontrava-se desabastecido aconteceu entre os dias 16 e 22 de outubro, diz o ministério. Ainda de acordo com o comunicado desta quarta-feira, “1,2 milhão de vacinas já começaram a ser distribuídas na data de ontem aos estados. São Paulo, Paraíba, Rio Grande do Norte e Pernambuco, por exemplo, receberão a partir de hoje (23/10) essas vacinas”.
A declaração vem após reportagem da Folha de S. Paulo afirmar que o governo ficou sem doses de vacinas da Covid-19 para a entrega imediata após aproximadamente 1/3 do lote comprado da farmacêutica Moderna perder validade ou precisar ser trocado. Conforme o jornal, os estoques ficaram zerados.
Municípios falam sobre desabastecimento desde setembro
Apesar de o ministério alegar que o desabastecimento durou apenas uma semana, a Confederação Nacional de Municípios (CNM) vem alertando sobre falta de vacinas desde o início de setembro. Uma pesquisa da CNM dos dias 2 a 11 do mês passado apontou que a falta de insumos para vacinação era registrada por seis em cada dez municípios, considerando 2.415 cidades do país.
“Em 64,7% dos municípios há falta de vacinas para imunizar a população, principalmente as crianças. O imunizante Varicela foi a de maior predominância, não chegando a 1.210 Municípios. A vacina para crianças contra Covid-19 é a segunda mais em falta. O imunizante apresentou falta em 770 Municípios, com uma média de 30 dias de atraso”, relatou a entidade, que oficiou o ministério.
O Ministério da Saúde chegou a reconhecer a falta de abastecimento de vacinas na rede pública, por meio de uma nota técnica assinada pela Secretaria de Vigilância em Saúde (SVSA) em 30 de setembro e enviada à CNM.
Na nota, a pasta informou que estava tomando providências “para garantir a regularização e o fortalecimento da produção nacional de imunobiológicos”. “Porém em 2024, o Programa Nacional de Imunizações enfrentou restrições na distribuição de vacinas aos estados”, cita a nota.
Alguns dos desafios citados pelo ministério na nota técnica seriam o atraso no cronograma dos fornecedores devido a “problemas de controle de qualidade” — caso de vacinas como a tríplice viral, febre amarela e HPV. No caso da Covid, a pasta alegou que a oferta para vacinação infantil foi menor e que a substituição dos lotes vencidos por novos atrasou a distribuição.