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Novinho do Tinder torrava R$ 15 mil em balada com dinheiro de vítimas

Por Metrópoles

Entre a série de mentiras e personagens criados por Marcelo Henrique Freitas Fonseca, 28 anos, o Novinho do Tinder, para enganar suas vítimas, a que ele mais usava era a de ser advogado. O golpista, preso preventivamente nessa segunda-feira (30/9) pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) por estelionato amoroso contra 37 mulheres, chegava a usar um adesivo da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) colado no vidro do carro. Com o bolso cheio após os golpes, o criminoso chegava a torrar R$ 15 mil com bebidas nas baladas do DF.

Segundo uma das vítimas ouvidas por investigadores da 18ª Delegacia de Polícia (Brazlândia), o estelionatário sempre falava ao telefone sobre “processos” que supostamente tramitavam no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), mas não costumava comparecer à Corte. As conversas seriam simulações para transparecer que o golpista, de fato, seria um advogado atuante. No entanto, o Novinho do Tinder não chegou a concluir, sequer, o ensino médio.

Arte/Metrópoles

Para justificar a utilização das contas bancárias das mulheres, o estelionatário dizia trabalhar, também, com dropshipping — modelo de negócio em que o lojista vende produtos on-line sem precisar manter um estoque próprio — o que nunca ocorreu. Com isso, as contas bancárias de muitas das mulheres acabaram bloqueadas por suspeita de fraude.

Baladas e ostentação

Apesar de morar em uma casa simples localizada em um assentamento na região da Vila São José, em Brazlândia, o Novinho do Tinder gostava de ostentar frequentando festas e bares no DF. Durante as baladas, segundo algumas mulheres que caíram na lábia do falso advogado, ele torrava até R$ 15 mil em bebidas servidas aos montes durante toda a noite.

Com lábia afiada, o Novinho do Tinder começou a seduzir e provocar prejuízos a dezenas de mulheres quando ainda tinha 20 anos. Os estelionatos, segundo as apurações da polícia, começaram em 2017 e se amontoaram nos anos seguintes.

Aplicativos e sites de relacionamentos eram vistos como o ambiente perfeito para o estelionatário amoroso fisgar suas vítimas.

Como um predador, o moreno tatuado enredava, seduzia e ganhava a confiança de mulheres escolhidas a dedo por ele após analisar os perfis de cada uma. Emocionalmente frágeis, as vítimas eram convencidas por falsas juras de amor a fazerem uma série de transferências via pix.

Rede de mentiras

De origem humilde e dividindo um casebre com a mãe, em um assentamento na área rural de Brazlândia, o criminoso “incorporava” um advogado de sucesso, com escritórios espalhados pelo país. Quando despia o terno imaginário, o Novinho do Tinder contava às pretensas namoradas que comandava empresas especializadas em investimentos na bolsa de valores.

A investigação ocorrida no âmbito da Operação Dolus revelou que o suspeito, após estabelecer breves relacionamentos ou flertes, convencia algumas vítimas a investir em esquemas financeiros, prometendo retornos triplicados em poucas horas. No entanto, os valores investidos não eram restituídos, e o dinheiro desaparecia.

Para movimentar o dinheiro das mulheres, o golpista utilizava as contas bancárias de outras vítimas, persuadindo-as a emprestar suas chaves Pix, sob a alegação de que sua conta própria estaria bloqueada.

Onda de golpes

O estelionatário ainda usava o fato de suas vítimas estarem envolvidas emocionalmente para exigir mais dinheiro, inclusive ameaçando encerrar o relacionamento caso as transferências não fossem feitas.

Além das acusações de estelionato sentimental, o homem também é investigado por furtos diversos, lesões corporais e estupro de vulnerável no contexto da Lei Maria da Penha.

Nos últimos sete anos, o Novinho do Tinder deixou um rastro de vítimas em várias regiões do Distrito Federal, como Brazlândia, Asa Sul, Cruzeiro, Paranoá, Taguatinga, Samambaia, Ceilândia, Recanto das Emas, Guará e Gama. Apenas em Brazlândia foram identificadas cinco delas.

Chaves Pix

A investigação também apurou que, durante os golpes, o criminoso criou 122 chaves Pix para consumação dos golpes. Também era comum a troca de linhas telefônicas, inclusive com prefixos de outros estados. Até o momento, o montante já apurado de prejuízo às mulheres do Distrito Federal é de R$ 50 mil.

No entanto, pessoas próximas ao estelionatário e que sabiam de sua rotina de golpes afirmaram que o novinho havia aplicado um golpe de R$ 80 mil em uma médica de São Paulo. A Polícia Civil, porém, não conseguiu localizar a suposta vítima.

Em 2023, a 2ª Turma do TJDFT manteve decisão que já havia condenado o golpista por crime de estelionato sentimental contra uma mulher. A decisão estabeleceu a pena de um ano e nove meses de reclusão, em regime aberto, além da reparação de danos à vítima, no valor de R$ 1,4 mil.

 

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