O terceiro bloco do debate da TV Globo para a Prefeitura de São Paulo entre Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL) foi marcado por acusações sobre a “máfia das creches”, atuação no Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MTST) e o Primeiro Comando da Capital (PCC) na administração municipal.
O encontro desta sexta-feira (25) foi o último antes do segundo turno, que acontece no próximo domingo (27).
Os candidatos circularam livremente pelo cenário durante todo o tempo. O terceiro bloco foi de tema livre, com cada candidato tendo dez minutos de fala, assim como o primeiro.
Veja como foi:
Boulos abriu as perguntas do terceiro bloco, após Nunes ter iniciado o primeiro. O candidato do PSOL questionou o prefeito sobre o inquérito da “máfia das creches”, e que ele teria recebido dois cheques, por serviços prestados por sua empresa de dedetização. Mas, os valores teriam ido para sua conta pessoal, e não a da companhia.
Nunes afirmou que Boulos estava mentindo e que ele já havia sido condenado pela Justiça Eleitoral por falar sobre o tema. Ainda afirmou que nunca teve nenhum indiciamento ou condenação.
O candidato do PSOL afirmou que o prefeito não respondeu ao seu questionamento e que quando falava que ele não trabalhava, “estava ofendendo aos professores”. Boulos atuava como professor da rede pública.
Abertura de sigilo bancário
Boulos voltou a pedir para que Nunes abrisse seu sigilo bancário “para o povo de São Paulo”, assim como havia acontecido no primeiro debate entre os dois na TV Bandeirantes.
O prefeito voltou a afirmar que tem sua vida “absolutamente limpa”, citou que houve uma investigação do Ministério Público e que nada foi encontrado no processo sobre a empresa de dedetização.
O candidato do PSOL provocou Nunes por ele ter sido advertido por usar o celular e afirmou que ele é “uma criança que não sabe andar de bicicleta sem rodinhas”. Uma das rodinhas seria o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e a outra, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Atuação de Boulos no MTST
Nunes leu um processo de Boulos, enquanto ele atuava no Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MTST), quando foi levado para a delegacia por ter participado de um ataque contra a Polícia Militar.
Boulos afirmou que no dia, ele estava defendendo uma família durante uma desapropriação de terras em São Mateus, na zona leste.
Ainda foi citado pelo prefeito um caso em que o candidato do PSOL teria depredado a sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na Avenida Paulista.
Boulos, por sua vez, negou que tenha feito a depredação. E ainda afirmou que extremista seria Nunes, por andar com Bolsonaro e por ter dado tiro em “porta de boate”, um caso que aconteceu nos anos 1990.
Já o prefeito, disse que na ocasião da boate, apenas foi separar a briga de um amigo.
Cunhado de Marcola do PCC
O candidato do PSOL afirmou que Eduardo Olivatto, chefe de gabinete da Secretaria de Obras da prefeitura, cresceu durante a gestão de Nunes. A irmã de Olivatto, morta em 2002, foi casada com Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, chefe do PCC.
Já Nunes, disse que Boulos foi condenado por ter falado sobre o caso em seu programa eleitoral. Ainda afirmou que Olivatto entrou concursado na prefeitura em 1988 e que a irmã dele morreu há 22 anos.
Arcabouço fiscal
O prefeito questionou porque Boulos, enquanto deputado federal, votou contra o arcabouço fiscal — o teto de gastos do governo federal. E também mencionou a renegociação da dívida da cidade com a União.
“Eu recuperei a saúde financeira, resolvi a questão da dívida. E eu quero perguntar para o deputado Guilherme. Nós tínhamos uma dívida de R$ 25 bilhões, a cidade de São Paulo pagava R$ 280 milhões por mês. Eu fiz um acordo com o governo federal, assinamos em dezembro de 2021 com presidente Jair Bolsonaro e resolvemos essa dívida “, disse Nunes.
Já Boulos, afirmou que o prefeito “fez uma venda de patrimônio, do Campo de Marte para a União” e que quem resolveu a dívida foi o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de quem Nunes “fala tão mal”.
“Renegociou com a União e reduziu a dívida de R$ 79 bilhões para R$ 32 bilhões”, prosseguiu Boulos, falando sobre Haddad.
Direito de resposta
Boulos conseguiu um direito de resposta após ter sido chamado de “criminoso” pelo prefeito.
Durante sua fala, voltou a acusar o prefeito de envolvimento com o “cunhado do Marcola” do PCC. E também falou sobre responsabilidade fiscal, afirmando que seu secretário da Fazenda seria uma pessoa que teria compromisso com as contas públicas.
Apuração
O segundo turno acontece no domingo (27). Você poderá acompanhar a apuração pelo site da CNN, inclusive em uma página específica para a cidade.