Nunes x Boulos: veja projeção do resultado do segundo turno em São Paulo pelas últimas pesquisas

Candidato do PSOL e atual prefeito do MDB protagonizam nova etapa da eleição paulistana mais acirrada dos últimos anos

O prefeito Ricardo Nunes (MDB) vai disputar o segundo turno das eleições de São Paulo contra o candidato do PSOL, Guilherme Boulos.

Com 100% das urnas apuradas, Boulos alcançou 29,07% dos votos enquanto Nunes obteve 29,48%. Em terceiro lugar ficou Pablo Marçal (PRTB), com 28,14% dos votos. O resultado se consolidou por volta das 21h deste domingo (6), de acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). No segundo pelotão, Tabata Amaral (PSB) tem 9,91% e José Luiz Datena (PSDB), 1,84%.

Os candidatos a prefeito de São Paulo Ricardo Nunes e Guilherme Boulos — Foto: Arquivo O GLOBO

Consolidado o cenário de Nunes x Boulos, os olhos se voltam para o segundo turno da disputa na capital paulistana. Pelas últimas pesquisas, o atual prefeito entra na nova etapa de campanha como favorito para o pleito de 27 de outubro. Confira o que as últimas pesquisas dizem sobre o segundo turno em São Paulo:

Quaest (5/10)

Datafolha (5/10)

  • Ricardo Nunes (MDB) – 52%
  • Guilherme Boulos (PSOL) – 37%
  • Brancos/Nulos/Indecisos – 11%

Atlas (5/10)

  • Ricardo Nunes (MDB) – 46%
  • Guilherme Boulos (PSOL) – 36,6%
  • Brancos/Nulos/Indecisos – 17,5%

Primeiro turno em SP

Nas pesquisas de intenção de voto, a disputa paulistana se desenhava como a mais acirrada desde a redemocratização. Boulos, Marçal e Nunes apareceram em empate triplo, gerando dúvidas sobre quem passaria para a segunda rodada da disputa ao Executivo.

Marçal, que ficou de fora, tentou a todo custo capturar a atenção do eleitorado divulgando, inclusive, informações falsas contra os adversários. Na noite de sexta-feira (4), em posts que acabaram derrubados por determinação da Justiça, divulgou um laudo falso que tentava imputar a Boulos o uso de cocaína. A conta do Instagram do empresário acabou derrubada por decisão judicial no sábado (4).

A ascensão do empresário nas pesquisas embolou as estratégias das campanhas adversárias. Apoiado por Jair Bolsonaro (PL), Ricardo Nunes viu uma série de aliados do ex-presidente declararem apoio a Marçal dias antes do pleito.

Fizeram declarações ou postagens contra Nunes e a favor do ex-coach os deputados André Fernandes (candidato do PL à prefeitura de Fortaleza), Zé Trovão (Santa Catarina), Nikolas Ferreira (Minas Gerais) e Marco Feliciano (São Paulo).

Nunes, por sua vez, contou com o apoio do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que esteve ao lado do emedebista em diversos compromissos públicos. Uma dificuldade do atual prefeito foi convencer os eleitores bolsonaristas e evangélicos. O Datafolha mostrou um empate técnico entre Nunes e Marçal no segmento evangélico dias antes da eleição, mesmo com o número considerável de compromissos religiosos do emedebista. Entre os bolsonaristas, Marçal assumiu ampla liderança, apesar do apoio formal do ex-presidente a Nunes.

Entre 16 de agosto, início oficial da corrida eleitoral, até 1º de outubro, o prefeito esteve em 15 compromissos religiosos, se reunindo com lideranças da Igreja Adventista, comparecendo a cultos da Assembleia de Deus e da Igreja Mundial e a missas católicas, como mostrou levantamento de O GLOBO.

Boulos tinha outros desafios para chegar na segunda rodada. Em busca do eleitorado de Lula (PT), o deputado federal colou na imagem do presidente no dia anterior ao pleito, com uma caminhada pela Avenida Paulista. Lula também apareceu em diversas propagandas na televisão ao lado de Boulos e, em uma live na véspera do primeiro turno, orientou os militantes do PT a pedirem o “voto no 50 “.

O deputado disputou as intenções de voto entre os mais pobres com Nunes. A três dias do primeiro turno ele e o prefeito estavam empatados no segmento, segundo o Datafolha. Tanto Boulos quanto Nunes, ao longo da campanha, marcaram diversas caminhadas por bairros do Centro de São Paulo em busca do eleitorado mais humilde. O candidato do PSOL foi quem acumulou o maior número de compromissos na periferia da cidade.

No segundo pelotão, Tabata Amaral (PSB) e José Luiz Datena (PSDB) tiveram estratégias diferentes nas vésperas da eleição. A deputada cresceu nas intenções de voto pouco antes do primeiro turno e se destacou no debate da TV Globo. Foi a candidata de melhor desempenho no programa, segundo as avaliações dos colunistas do GLOBO.

Enquanto Boulos trouxe Lula, Tabata apostou em agendas com o vice-presidente Geraldo Alckmin, uma das lideranças do PSB, e direcionou o discurso para o eleitorado feminino, onde vislumbrava chances de crescimento. Houve também atritos entre os dois candidatos progressistas da eleição. Um manifesto pedindo “voto útil” em Boulos, assinado por artistas e intelectuais com ligações petistas como André Singer, Nando Reis e Juca Kfouri, azedou as relações entre os dois postulantes, que até então mantinham boa relação.

A justificativa do documento seria evitar que dois candidatos de direita estejam no segundo turno diante do empate nas pesquisas entre Boulos, Nunes e Marçal. Tabata chegou a chamar a atitude de “desespero” e a campanha de Boulos negou que o movimento tenha partido de dentro do PT ou do PSOL.

Datena, nos dias finais, pareceu se conformar que não chegaria ao segundo turno. A campanha tucana queria levar o candidato para a periferia da capital paulista na sexta-feira ou no sábado, para finalizar a campanha, mas o jornalista acabou comparecendo apenas a Avenida Paulista e não fez nenhum compromisso público no sábado.

Os tucanos apostaram todas as fichas na candidatura do apresentador da Band, que, em julho, figurava nas pesquisas empatado com Nunes e Boulos. O PSDB vive um momento delicado. Sem nenhum vereador na Câmara Municipal, apostava que Datena poderia, no mínimo, se tornar um puxador de votos para os candidatos tucanos.

PUBLICIDADE