PF conclui que houve falhas ‘evidentes’ da Secretaria de Segurança do DF no 8 de Janeiro

Relatório encaminhado ao STF destaca 'ausência inesperada' de Anderson Torres antes de atos golpistas; pasta afirma que não comenta processos em andamento

Polícia Federal (PF) afirmou, em relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), que foram constatadas falhas “evidentes” da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal durante os atos golpistas do 8 de Janeiro. O documento destaca a “ausência inesperada” do ex-secretário Anderson Torres, que estava nos Estados Unidos no dia dos atos. Procurada, a pasta do DF afirmou que “não comenta sobre investigações e processos judiciais em andamento”.

O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, ao lado do ex-secretário Anderson Torres

O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, ao lado do ex-secretário Anderson Torres — Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo/05-10-2022

A avaliação consta no relatório final do inquérito que apura a responsabilidade de autoridades do Distrito Federal nos atos golpistas. Além de Anderson Torres, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), também é investigado, entre outras pessoas. O relator, Alexandre de Moraes, enviou na segunda-feira o documento da PF para manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR).

No relatório, a PF também destacou a “falta de ações coordenadas” e a “difusão restrita de informações cruciais” como “fatores decisivos” para o que foi definido como “ineficiência da resposta das forças de segurança”.

“Conclui-se que as falhas da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP/DF) no enfrentamento das manifestações de 08/01/2023 são evidentes, especialmente pela ausência inesperada de seu principal líder, Anderson Gustavo Torres, em um momento de extrema relevância aliado a falta de ações coordenadas e a difusão restrita de informações cruciais contidas no Relatório de Inteligência no 06/2023 foram fatores decisivos que contribuíram diretamente para a ineficiência da resposta das forças de segurança”, diz o texto.

A PF também afirma que “a ausência de articulação e de difusão de dados comprometeu a capacidade de antecipar e enfrentar os atos de violência, revelando um despreparo que não pôde conter a escalada dos eventos ocorridos em 8 de janeiro de 2023”.

Anderson Torres foi nomeado para a Secretaria de Segurança após deixar o Ministério da Justiça, no governo de Jair Bolsonaro. Após poucos dias no cargo, ele viajou para Orlando, nos Estados Unidos, para tirar férias. Torres foi exonerado por Ibaneis ainda durante o dia 8.

Os dois foram ouvidos pela PF durante a investigação e negaram responsabilidade pelas falhas de segurança.

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