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Polêmicas da Xland: pedras de Alexandria dadas como preciosas e garantias pela empresa são bijuterias

Por Tião Maia, ContilNet

As pedras preciosas conhecidas como Alexandrita, dadas como garantias aos clientes lesados pela Xland Holding, empresa acreana de criptomoedas envolvida em escândalo e acusada de estelionato desde 2023, inicialmente avaliadas em meio milhão de reais, embora sejam raras, não valem mais que R$ 40 mil. O mineral foi oferecido pela empresa como garantia de lastros em contratos formados como seguro avaliado em R$ 500 mil em 20 quilos das pedras preciosas, mas laudos periciais da Polícia Federal mostraram que este tipo de garantia também não passava de mais um golpe.

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Antiga sede da empresa Xland, em Rio Branco/Foto: ContilNet

As pedras conhecidas como Alexandrita ou alexandrite são uma variedade do mineral crisoberilo, uma pedra preciosa muito apreciada e de grande valor no mercado internacional. É conhecida por mudar de cor de acordo com a luz: à luz natural, é geralmente verde-oliva, mas à luz incandescente, de lâmpadas de filamento e fogo, assume cor vermelha. Seu valor varia no mercado a depender da pureza e qualidade do produto.

A empresa Xland responde por crime de estelionato e teve seus bens bloqueados pela Justiça, incluindo o que seriam as pedras preciosas. A empresa chegou a fornecer à Polícia Federal e à Justiça um certificado atestando a qualidade de um lote do mineral em estado bruto e pesando 20 quilos. Com este peso, segundo os acusados de estelionato, o valor estimado do mineral no mercado internacional seria de meio milhão de reais. O certificado era respaldado por um laudo de avaliação técnica emitido pela geóloga e gemóloga Weysida Carvalho, que se apresentou como técnica de uma instituição chamada GTA (Gemological Institute of America), com documentação atestando a autenticidade do produto e seu considerável valor. A Polícia Federal pôs fim à farsa.

Pedras Alexandria, quando originais e de qualidade, têm de fato alto valor no mercado; as da empresa acreana valiam R$ 1.300, 00 por quilo/Foto: Ilustrativa

Peritos da PF atestaram, após análises de laboratórios técnicos especializados na comercialização de joias e pedras preciosas, que as pedras da Xland Holding custavam no máximo R$ 1.300,00 por quilo. Os 20 quilos apontados como correspondentes a R$ 500 mil valiam, de fato, R$ 38 mil.

O valor, portanto, não cobre os prejuízos de um só cliente, o jogador de futebol Gustavo Scarpa, que investiu R$ 6 milhões na empresa e acusa a Xland de estelionato. O caso é tratado na 2ª Vara Cível da Comarca de Rio Branco, cuja titular é a juíza Thaís Khalil, que ordenou a retenção do malote com pedras quando ainda eram apontadas como joias raras e preciosas.

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