Secretário de Saúde de Minas, Fábio Baccheretti afirmou nesta terça-feira (15) que a preocupação em relação aos casos do superfungo Candida auris está “dentro dos hospitais”. Pelo menos 22 pacientes estão sendo monitorados no Hospital João XXIII, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, sob suspeita de infecção pela levedura, conforme informaram a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) e a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig).
Segundo o responsável pela pasta, a preocupação com o fungo é em áreas de saúde, onde há pessoas com o estado mais frágil e mais vulneráveis.
“Mas a população em geral, não se preocupe, esse fungo não está se espalhando pela sociedade. Nossa preocupação é dentro dos hospitais nos nossos pacientes”, disse Baccheretti em entrevista à TV Globo.
A Prefeitura de Belo Horizonte confirmou mais dois casos confirmados na última segunda-feira (14), chegando à marca de três pacientes com infecção pelo fungo. Dos três infectados, dois receberam alta em 20 de setembro e 2 de outubro, enquanto o terceiro segue internado.
O secretário destacou ainda que o objetivo agora é evitar a proliferação do fungo para outros hospitais. “Hoje temos no João XXIII uma vigilância muito bem feita para todos os contatos. Localizamos e reconhecemos cada paciente que esteve na mesma enfermaria ou no mesmo CTI que os pacientes de casos confirmados e cada um deles serão testados”.
“Quando testarmos o ciclo todo e não tivermos mais nenhum positivo, depois de ter feito essa desinfecção terminal, a gente fica tranquilo. Precisamos bloquear para que esse fungo não se espalhe para todos os leitos do hospital e outros hospitais”, concluiu o secretário.
Casos confirmados
A capital, no momento, soma três infecções confirmadas pelo fungo. O primeiro registro foi em setembro, em um paciente que também ficou internado no João XXIII. O homem teve alta no dia 20.
O primeiro caso confirmado do superfungo em Minas foi em 2021. Desde então, foram notificados 129 casos no Estado, sendo três confirmados.
Saiba mais sobre o “superfungo”
Outros casos do superfungo já foram confirmados no país. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a levedura – tipo de fungo que possui apenas uma célula – causa grande preocupação às autoridades sanitárias por ser resistente à maioria dos fungicidas existentes.
Os organismos do reino Candida são velhos conhecidos da população. Eles causam infecções orais e vaginais bastante comuns nos seres humanos, as candidíases, que são combatidas com fungicidas vendidos em qualquer farmácia.
No caso da candida auris, porém, as infecções têm se mostrado extremamente difíceis de curar. A espécie produz o que os cientistas chamam de biofilme, camada protetora que a torna resistente ao fluconazol, à anfotericina B e ao equinocandina, três dos principais compostos antifúngicos.
A espécie é capaz também de infectar o sangue, levando a casos agressivos e muitas vezes letais. O patógeno também é difícil de identificar, podendo ser confundido, em laboratórios, com outras espécies de Candida.