O mundo está no rumo de um aumento “catastrófico” da temperatura de 3,1°C. O relatório “Chega de ar quente, por favor”, divulgado nesta quinta-feira 24/10, defende uma redução de 42% das emissões anuais de gases do efeito estufa até 2030 e de 57% até 2035 para manter viva a meta de 1,5°C, definida no Acordo de Paris, em 2015.
O levantamento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) ressalta a relevância da próxima rodada de Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs). Esses compromissos serão apresentados no início de 2025, antes das negociações da Conferência das Nações Unidas sobre o clima, COP30, no Brasil.
Desastres climáticos mais frequentes e intensos
Mesmo se cumpridas, essas contribuições nacionais limitariam o aumento da temperatura a 2,6-2,8°C.
O secretário-geral descreveu a situação como uma “corda bamba planetária”. Em mensagem de vídeo, apresentada em Paris, António Guterres ressaltou que em 2023 as emissões de gases com efeito estufa aumentaram 1,3%, atingindo o nível mais alto de todos os tempos.
O líder da ONU ressaltou que essas emissões precisam cair 9%, todos os anos, até 2030 para limitar o aumento da temperatura a 1,5°C e evitar o pior das alterações climáticas.
Para ele, existe uma ligação direta entre aumento das emissões e desastres climáticos cada vez mais frequentes e intensos. Guterres acredita que o recorde de lançamento de gases nocivos provoca “temperaturas recordes do mar impulsionando furacões monstruosos”.
O secretário-geral adicionou que o calor recorde está “transformando as cidades em saunas” e causando chuvas intensas, responsáveis por “inundações bíblicas”.
Ações urgentes para a COP29
Em novembro, o Azerbaijão vai abrigar a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, COP 29. O evento deve impulsionar o progresso na redução de gases com efeito estufa em todos os setores da economia.
Guterres pediu que os países se da “libertem dependência dos combustíveis fósseis”, implementem energias renováveis e revertam o desmatamento.
Para ele, a reunião precisa debater fontes inovadoras de recursos, como taxação sobre a extração de combustíveis fósseis e maior financiamento para medidas de mitigação. Uma revelação positiva do relatório, divulgado nesta quinta-feira, é que tecnologias existentes e acessíveis podem assegurar as reduções necessárias até 2030 e 2035, para cumprir o limite de 1,5°C.
Soluções possíveis
Segundo o levantamento, o aumento da implementação de tecnologias solares fotovoltaicas e de energia eólica poderia proporcionar 27% do potencial de redução até 2030 e 38% até 2035.
O texto também argumenta que as florestas poderiam concretizar cerca de 20% deste potencial em ambos os anos. Este potencial ilustra que é possível cumprir as metas de triplicar a energia renovável, abandonando os combustíveis fósseis e conservando a natureza e os ecossistemas.
A série de relatórios sobre a Lacuna de Emissões do Pnuma, agora na sua 15a. edição, fornece uma revisão anual da lacuna entre o rumo que as emissões globais estão tomando e os compromissos atuais dos países e apresenta soluções.