O câncer de mama é o mais comum entre mulheres em todo o mundo. De acordo com a médica e cirurgiã oncologista do Hospital Sírio-Libanês de Brasília Cintia Batista, 1 em cada 7 mulheres podem desenvolver a doença ao longo da vida.
Com intuito de frear o quadro alarmante, a campanha Outubro Rosa se tornou uma ferramenta essencial ao alertar a população sobre a importância do autocuidado e da detecção precoce da doença, levando, ainda, a uma maior conscientização da necessidade de fazer exames regulares.
Faltando poucos dias para acabar o mês marcado pela campanha, a coluna Claudia Meireles traz a história inspiradora de Andreia Dias, médica intensivista e gastroenterologista de 55 anos que enfrentou um diagnóstico de câncer de mama e, felizmente, recebeu alta médica na última sexta-feira (25/10).
O diagnóstico e a jornada de tratamento
Para comemorar a boa-nova, Andreia participou de uma ação no salão D Concept, no Lago Sul, a fim de brindar com a equipe que fez parte de sua jornada de cura, oferecendo apoio e cuidados em um tópico sensível para as mulheres que enfrentam a doença: as mudanças no cabelo.
“Como médica, entendo que estar nessa situação pode ser até um pouco pior, já que convivemos com esses diagnósticos. No meu caso, descobri o nódulo na mama acidentalmente, durante uma viagem. Apesar da mamografia ter indicado características benignas, o tumor estava com um crescimento acelerado”, relembra Andreia Dias.
Embora os relatos de pacientes oncológicos incluam diversos sintomas, Andreia conta que, quando começou o tratamento de quimioterapia e imunoterapia, sentia que o corpo estava enfraquecido. Contudo, a perda dos fios, uma preocupação de algumas pacientes, não foi tão acentuada.
“Apesar de não ter caído, meu cabelo começou a ficar branco e cada vez mais ralo. Eu não podia pintar, tinha medo de lavar e piorar o quadro de queda. Eu tinha muitas dúvidas”, comenta.
E, agora? Como lidar com o cabelo?
Diante do turbilhão de sentimentos que é enfrentar um câncer, Andreia revela que pensar nos cuidados com os fios pode parecer trivial — mas não é bem assim.
“Durante uma consulta com a minha médica, ela me indicou a crioterapia, uma touca usada para fazer a vasoconstrição do couro cabeludo. Também me recomendou começar a terapia capilar, como uma forma de tratamento alternativo. Não acreditei muito no começo, mas como ela me falou do D Concept, resolvi testar”, diz.
O resultado da primeira consulta com a tricologista Emília Vieira demonstrou que Andreia realmente precisava do tratamento. O laudo revelou inflamação e focos de dermatite seborreica no couro cabeludo.
Segundo a especialista Cintia Batista, caso não haja o tratamento adequado nesses casos, o cabelo pode sofrer consequências irreversíveis. “Com o folículo danificado, pode ser não tenha mais esse renascimento, esse restabelecimento dos fios ou da cor”, explica a expert.
O tratamento capilar incluiu fototerapia, blends anti-inflamatórios e outros cuidados específicos, todos aprovados pela equipe oncológica.
“Eu achava que o tratamento era só para a queda de cabelo, porém, outro ponto que me surpreendeu foi o efeito calmante e revitalizante. Saia das sessões me sentindo renovada, e elas aconteciam bem na fase vermelha da quimioterapia, a mais invasiva”, recorda Andreia.
Autocuidado também é remédio
Além de restaurar a saúde do couro cabeludo, Andreia se surpreendeu ao notar que os fios estavam voltando a nascer coloridos. “O que mais me chocou foi quando eu percebi o cabelo branco que incomodava começou a hiperpigmentar”, emenda.
Para a cirurgiã oncologista do Hospital Sírio-Libanês de Brasília, Cintia Batista, a terapia pode ter ativado os melanócitos. “Provavelmente, a quimioterapia afeta essas áreas e já não tinha a produção da melanina”, explica.
Se, no começo, Andreia desconfiou do tratamento, depois de ver os resultados, o caminho até o salão se tornou prazeroso.
“Eu cheguei a pensar que o caminho da minha casa, em Águas Claras, até o salão, no Lago Sul, fosse me deixar mais fadigada. Pelo contrário! Como eu sabia que ia ser mimada com aquelas sessões de aromaterapia, que me fazia sentir que estava em um laranjal, as músicas e massagens, eu só pensava em sentar e relaxar”, brinca.
Autoestima e resiliência
Para a oncologista Cintia Batista, manter a vaidade não é apenas uma questão estética, e sim uma forma de fortalecer a resiliência emocional dos pacientes.
“A cura se processa em várias dimensões. Não apenas com medicamentos, como na dimensão do cuidado, de senso de pertencimento”, defende a expert.
No protocolo da Andreia, Cintia acredita que os momentos de relaxamento favoreceram a diminuição da sensação de estresse, algo visto durante o enfrentamento de uma doença grave.
“Ter esse tipo de oportunidade altera também o lado bioquímico. A diminuição dos níveis dos hormônios do estresse, cortisol e adrenalina nas horas de relaxamento e com estímulos positivos, do toque e do cheiro contribuiu para a recuperação”, elucida.
Para a cirurgiã oncológica, esse tipo de terapia jamais pode ser subestimado. “Para algumas mulheres, a visão de si sem aquela aparência prévia, por vezes, é o suficiente para o quadro de tristeza e depressão. Então, assim como os outros fatores que precisam ser garantidos, como exercício e alimentação adequada, cuidar da autoestima é um ponto importante e que garante maiores e melhores chances de resultados”, encerra.