Sistema de monitoramento da Amazônia alerta que bioma perdeu 23% de floresta entre 1987 a 2022

Maior parte da vegetação foi retirada para dar lugar a campos de pastagens e áreas de mineração e áreas agrícolas, criando areas sem “conectividade teconlógica”

O sistema MapBiomas Amazonas denunciou, nesta terça-feira (22), em Manaus, que entre 1987 e 2022, cerca de 23% da cobertura floresta da Amazônia está cercada por terras agrícolas, pastagens, minas e estradas. Isso mostra o avanço das atividades agropecuárias e mineradoras na Amazônia e que isso isolou quase 25% das florestas, fragmentando ainda mais um ecossistema vital para o planeta e favorecendo a transformação da vegetação em savana, alerta o sistema de monitoramento.

De acordo com dados de satélite analisados, isso representa 193 milhões de hectares — uma área equivalente ao território do México — que foram deixados sem “conectividade ecológica” – ou seja, sem os corredores vegetais que garantem a interação entre estes ecossistemas.

Região Amazônica/Foto: Bruno Kelly/Amazônia Real

Os dados revcelam que a Amazônia perdeu mais de 88 milhões de hectares de florestas entre 1985 e 2023. Além disso, outros 108 milhões de hectares — um adicional de 13% — correm o risco de também ficarem isolados. Os dados mostram que mais de 90% do desmatamento está ligado à criação de pastagens.

Essa fragmentação ameaça a capacidade dos ecossistemas da Amazônia de regular ciclos essenciais, como os do oxigênio, água doce e clima global. Com o desaparecimento dos corredores ecológicos, os animais têm dificuldades para buscar alimento, acasalar, migrar em épocas de seca ou se refugiar de incêndios florestais.

Isso compromete toda a cadeia ecológica, desde a dispersão de sementes até o equilíbrio dos predadores. Segundo Néstor Espejo, do Mapbiomas e que participou do estudo, florestas desconectadas são mais vulneráveis ao colapso diante de perturbações, como queimadas.

O pesquisador alerta que a perda de conectividade pode acelerar a chegada ao ponto de não retorno, transformando o ecossistema da Floresta Amazônica em savana. O uso do solo para mineração aumentou 1.063% e a pecuária 297%, em 39 anos.

Adriana Rojas, líder do estudo, destacou que a degradação afetaria diretamente 47 milhões de habitantes da Bacia Amazônica e agravaria a crise climática global, dado o papel fundamental da floresta na captura de carbono.

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