Tensão cresce na Bolívia com bloqueios em vias e ameaça de prisão de Evo Morales

A crise política e social no país vizinho preocupa acreanos que vivem na Bolívia e reforça a necessidade de atenção nas fronteiras do Acre

Os bloqueios em estradas na Bolívia se intensificaram nesta semana, liderados por apoiadores do ex-presidente Evo Morales, que buscam impedir uma possível ordem de prisão contra ele.

Morales é investigado por um suposto caso de abuso envolvendo uma menor durante seu mandato, em 2015. A situação gerou confrontos entre manifestantes e a polícia em vários pontos do país, incluindo a localidade de Parotani, região estratégica que liga Cochabamba a La Paz.

Os bloqueios estão sendo realizados pelos apoiadores de Evo Morales, enquanto a polícia tenta liberar as vias/Foto: Kawsachun Coca / AFP

Para os moradores do Acre, a proximidade com a Bolívia e o fluxo de pessoas entre os dois países são motivos de alerta. A fronteira que separa Rio Branco de cidades bolivianas como Cobija é percorrida diariamente por acreanos, muitos dos quais residem na Bolívia ou fazem negócios por lá.

Em meio à escalada de tensão, cresce a preocupação com a segurança de quem precisa atravessar essas áreas e com eventuais impactos sobre o abastecimento de bens e serviços.

Policial de choque detém apoiador de Evo Morales durante bloqueio de estrada em Parotani, Bolívia/Foto: Kawsachun Coca / AFP

As manifestações começaram na segunda-feira, 14 de outubro, e se expandiram rapidamente. Agricultores e cocaleiros, apoiadores de Morales, fecharam rodovias usando pedras e terra, exigindo o fim da investigação que ameaça seu líder.

“Queremos proteger a integridade de Morales e evitar um sequestro”, declarou o Pacto de Unidade, uma aliança de movimentos sociais alinhada ao ex-presidente.

Enquanto as autoridades bolivianas não descartam a possibilidade de prisão, Morales afirma que a acusação é “uma mentira” e faz parte de uma estratégia para impedi-lo de concorrer nas eleições presidenciais de 2025.

O atual presidente da Bolívia, Luis Arce, ex-aliado de Morales, também se encontra no centro da disputa política e trocou o comando da polícia nacional na tentativa de conter os protestos.

Além da defesa de Morales, os bloqueios nas estradas refletem outras insatisfações populares, como a falta de combustível e a crise econômica que afeta o país. A continuidade das manifestações pode impactar também as rotas que levam mercadorias da Bolívia ao Acre, ampliando o impacto da crise sobre a região.

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