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Tribunal condena assassinos de Marielle Franco e Anderson Gomes a quase 130 anos de prisão

Por Tião Maia, ContilNet

Encerrado no final da tarde desta quinta-feira (31), o julgamento dos matadores da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em março de 2018, acabou com os ex-PMs Ronnie Lessa e Elcio Queiroz, assassinos confessos, condenados a duras penas.

Julgamento aconteceu no Rio de Janeiro/Foto: reprodução

Lessa pegou pena de 78 anos, 9 meses e 30 dias/multa, enquanto Élcio pegou 59 anos, 8 meses e 10 dias/multa. O Ministério Público do Rio de Janeiro (PMRJ) havia pedido 84 anos de prisão para ambos. Os mandantes e outros envolvidos serão julgados em outra oportunidade.

O julgamento durou dois dias. Além da prisão, os dois foram condenados ao pagamento de uma indenização por danos morais no valor de R$ 706 mil para as vítimas: Arthur (filho de Anderson), Ágatha (esposa de Anderson); Luiara (filha de Marielle); Mônica (viúva de Marielle) e Marinete (mãe de Marielle).

Também caberá aos condenados o pagamento, até os 24 anos de Arthur, filho de Anderson Gomes, motorista de Marielle, morto no atentado, uma pensão. Eles devem pagar ainda as custas do processo e tiveram a prisão preventiva mantida, além de terem o pedido de recorrer em liberdade negado.

O MPRJ havia pedido condenação máxima de 84 anos para Lessa e Élcio. Nesta quinta, houve a manifestação da defesa e da acusação. Cada um teve tempo para argumentação, réplica e tréplica. A etapa dos debates entre defesa e acusação foi encerrada por volta das 16h50 (horário do Rio De Janeiro).

Ronnie Lessa e Élcio Queiroz foram condenados/Foto: reprodução

A juíza Lucia Glioche, que preside o 4º Tribunal do Júri, enviou um recado a outras pessoas que cometem crimes no Rio. “A sentença que será dada agora não responde à pergunta: quem matou Marielle? Todavia, a sentença que será dada agora se dirige aos acusados aqui presentes. Se dirige aos vários Ronnies e vários Élcios que existem na cidade do Rio de Janeiro”, afirmou a magistrada ao ler a sentença.

Todos os depoimentos foram realizados na quarta. Após as testemunhas de defesa, Lessa e Élcio falaram separadamente. Os jurados passaram a noite na Justiça para garantir que não tivessem contato com terceiros, e assim sofressem influência para a decisão.

Os debates foram realizados nesta quinta. O promotor Fábio Vieira classificou Lessa e Élcio como “sociopatas”.

“Confessaram porque estão arrependidos? Não. Confessaram, porque vão ganhar um benefício de alguma forma. Então, isso é uma característica do sociopata, eles não têm emoção em relação ao outro, eles não têm sentimento, não têm empatia”, destacou.

Vieira lembrou que os assassinos confessos foram treinados com recursos públicos para o manuseio de armamento. “Pessoas que aprenderam sua perícia na condução e nos disparos de armas de fogo nas fileiras das próprias agências de segurança, [pessoas] que ceifaram a vida de Marielle e Anderson e miraram na cabeça de Fernanda”, afirmou o promotor Fábio Vieira.

A defesa dos réus começou a falar às 12h33. O advogado de Lessa, Saulo Carvalho, afirmou acatar a condenação do réu confesso, mas que ela foi feita “de forma justa”.

“Ronnie foi denunciado pela prática do homicídio contra a vereadora Marielle Franco por motivo torpe, e eu ouso discordar da acusação, porque não há nos autos a atuação de Ronnie Lessa, pesquisas de Ronnie Lessa contra a vereadora Marielle Franco em seu sentido político”, disse Carvalho.

A advogada Ana Paula, que defende Élcio, argumentou que ele teria apenas dirigido o carro, o que, para ela, imputada menor participação no crime, e que o mesmo não sabia que o motorista da vereadora também seria morto. “Élcio, ao dirigir o veículo acreditava que Ronnie mataria somente Marielle”, argumentou.

São acusados de mandar Marielle Franco os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão, crime que na execução também resultou no homicídio do motorista da vereadora, Anderson Gomes. Eles negam envolvimento. O caso dos mandantes corre em separado no Supremo Tribunal Federal (STF).

Conforme as apurações, o objetivo dos dois era fazer com que a vereadora parasse, no entendimento deles, de atrapalhar interesses particulares de ambos. Isso incluía nomeações para o Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) e a regularização de loteamentos irregulares em áreas dominadas por milícias na zona oeste do Rio de Janeiro.

No processo, além dos irmãos, a Procuradoria-Geral da República (PGR) também denunciou outras três pessoas: dois policiais que atuavam para a dupla e o ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro Rivaldo Barbosa.

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