São Paulo — O candidato à Prefeitura de São Paulo José Luiz Datena (PSDB) fez brincadeiras ao votar por volta das 11h da manhã deste domingo (6/10), no Colégio Santo Américo, no Jardim Colombo, na zona oeste da capital paulista. “Zé, qual é o nosso número mesmo?”, perguntou ele ao vice, José Anibal (PSDB).
Após registrar seu voto, ele ainda sugeriu ter votado na adversária Tabata Amaral (PSB). “Ih, votei na Tabata”, brincou Datena.
Veja:
A caminhada de José Luiz Datena (PSDB) no primeiro turno chega ao fim neste domingo (6/10) com a possibilidade de ser mais curta do que poderia ter sido. O tucano alçou voo com chances reais de chegar à Prefeitura de São Paulo, mas viu as intenções de voto desaparecerem nas pesquisas e despencou, levando consigo o sonho do partido, que busca sua reconstrução, de conquistar a terceira eleição consecutiva na capital paulista.
A candidatura perdeu o fôlego ainda em agosto e viu crescer a sombra de uma pergunta onipresente na campanha: quanto ele vai desistir? Datena não desistiu, embora tenha sinalizado por diversas vezes nos últimos dois meses que escolheu a eleição errada para se lançar na política, após inúmeros recuos em pleitos anteriores — queria disputar uma vaga como senador, reforçou. Também chorou ao final de uma sabatina, quando praticamente jogou a toalha dizendo que morreria sem cumprir seu sonho.
“É uma pena, né? Já escrevi um livro, já fiz tudo que poderia fazer na comunicação, entendeu? Então o sonho que eu tinha era de servir ao povo, como senador, que teria sido melhor, com mais tempo de me aperfeiçoar politicamente, aprender melhor, e não entrando de cara numa disputa majoritária”, disse. Minutos depois, na Rua 25 de Março, afirmou que seguiria firme na disputa.
O tucano sempre aparece como o mais conhecido dos postulantes à prefeitura, embora seja também um dos mais rejeitados. Datena começou agosto com 14% das intenções de voto, ao lado de Pablo Marçal (PRTB), e chega na semana da eleição com apenas 4%, mais próximo dos nanicos do que de Tabata Amaral (PSB), a quem deixou ainda antes do início da disputa — era apresentado como possível vice na chapa da deputada federal.
Ao longo da disputa, ficou evidente que Marçal tumultuou a estreia do apresentador de TV na política . O ex-coach entrou na disputa pelo posto de “outsider”, tomou esse lugar e fez acusações sem embasamento em investigação policial ou na Justiça, como ao chamar Datena de estuprador.
Datena agrediu Marçal durante o debate da TV Cultura ao reagir às provocações, e viu sua imagem associada definitivamente à cadeirada. Até esta última semana de campanha, o apresentador era “saudado” por pessoas nas ruas com banqueta nas mãos. O tucano prefere desconversar sobre o tema, dizendo que esse é um caso que vai se resolver na Justiça.
O candidato do PSDB viveu um primeiro turno como um calouro em eleições, agindo por instinto e fora do controle da equipe que tentou moldá-lo à disputa, sem sucesso. Como resultado, deve minar o sonho tucano de voltar à prefeitura, perdida com a morte de Bruno Covas ainda nos primeiros meses de mandato.
Embora tenha dito por várias vezes que não é Moisés para caminhar todo dia, Datena pode terminar esse domingo exatamente como o líder do povo judeu, que andou por 40 anos no deserto, mas se viu impedido de entrar na Terra Prometida — no caso, no segundo turno da eleição paulistana.
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