Acre teve mais de 200 mortes por diabetes em pouco mais de um ano, diz Sesacre

Ao todo, durante esse período, foram registrados ainda mais de 1,2 mil casos de internação da doença no estado

Um novo levantamento realizado pela Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre), divulgado nesta quinta-feira (14), Dia Mundial do Diabetes, revelou que o estado teve 223 óbitos por diabetes entre janeiro de 2023 e agosto deste ano.

Foto: reprodução

De acordo com os dados, a maioria dos casos é referente ao diabetes tipo 2. Ao todo, durante esse período, foram registrados ainda mais de 1,2 mil casos de internação da doença no estado.

Em novembro, é realizada a campanha mundial de conscientização sobre o Diabetes, para entender mais sobre o assunto o ContilNet conversou com a médica angiologista Ângela Vasconcelos.

Especialista em ecografia vascular e cirurgiã vascular, a médica explica que o diabetes pode levar a uma série complicações ao longo da vida. “É preciso ter em mente que o diabetes afeta diversos órgãos e que as complicações não ocorrem após um ou dois anos de doença, e sim, 7 a 10 anos após. Retinopatia, que leva a cegueira; nefropatia, que leva a falência renal e diálise; Coronariopatia, que leva ao Infarto; arteriopatia e neuropatia que levam ao surgimento da síndrome do pé diabético e é a primeira causa de amputações não traumáticas em todo o mundo”, explicou.

O que é o diabetes

O Diabetes Mellitus (DM) é uma síndrome do metabolismo decorrente da falta de insulina ou da incapacidade de a insulina exercer adequadamente seu efeito no organismo, como por exemplo, o déficit na metabolização da glicose, caracterizando-se pelas altas taxas de açúcar no sangue, a hiperglicemia.

A angiologista Ângela Vasconcelos explica sobre a doença – Foto: ContilNet

Há dois tipos principais de diabetes, ressalta a especialista Ângela Vasconcelos. “Temos dois tipos principais, chamados comumente de Tipo I e Tipo II, ou forma juvenil e adulta, ou ainda insulinodependente e não-insulino dependente. Usualmente o Tipo I ou Juvenil é insulinodependente, visto que o indivíduo não consegue produzir insulina adequadamente desde tenra idade. O Tipo II ou forma adulta ocorre principalmente por resistência a insulina produzida e está mais associada ao sobrepeso/obesidade, bem como ao sedentarismo”, destaca.

Fatores de riscos e diagnóstico

A Associação Americana de Diabetes aponta os fatores de risco para o diabetes, são eles: sedentarismo, pais ou irmãos com diabetes, obesidade, sobrepeso, aumento da ingestão de carboidratos, sedentarismo, aumento da ingestão de álcool, dentre outros.

A médica, explica também, sobre como é feito o diagnóstico precoce da doença. “A única forma de fazer o diagnóstico precoce é realizando testes de glicemia. Não esperar sintomas, que normalmente já vêm acompanhados de complicações. As pessoas que se apresentam ao menos um fator de risco devem realizar a dosagem da glicemia preferencialmente a cada seis meses, especialmente aquelas que têm familiares de primeiro grau com diabetes. Quanto antes o diagnóstico for feito, melhor”, enfatizou.

Carência de serviços especializados no Acre

A médica destaca que o estado do Acre teve avanços e atualmente conta com tecnologias que auxiliam no tratamento das complicações relacionadas à doença, no entanto, um dos desafios a ser enfrentado é a implementação de cuidados em nível básico de atenção à saúde.

“No Acre tivemos avanços e contamos com tecnologias que auxiliam no cuidado e tratamento sobretudo das complicações relacionadas ao diabetes, incluindo a doença renal crônica, a doença arterial e o pé diabético. Mas a principal ação a ser tomada é, a meu ver, a implementação de cuidados em nível básico de atenção a saúde, onde o impacto com certeza é maior. Um paciente melhor acompanhado, tem menos chances de complicar”, ressalta.

A especialista fala, ainda, sobre a falta de um centro de referência para tratamento do Diabetes no estado. “Não temos clínicas especializadas em atendimento às pessoas que convivem com diabetes no Acre. O acesso e acompanhamento para a maioria dos pacientes é feito nas Unidades Básicas de Saúde e aqueles que já apresentam complicações costumam ser acompanhados no Hospital de Clínicas do Acre. O ideal seria termos um centro de referência, que contasse com equipe multidisciplinar”, enfatiza.

Tratamento

O tratamento contra o Diabetes acontece de forma medicamentosa e não medicamentosa. Ângela Vasconcelos explica um pouco mais sobre o assunto:

“O uso de medicamentos é fundamental, sendo que atualmente temos drogas novas que agem de formas diferentes, ampliando as possibilidades para os pacientes vários pontos, desde o aumento da produção de insulina até a diminuição da resistência periférica a ela. Outra frente fundamental é o ajuste alimentar e o controle do peso, podendo inclusive, para casos específicos, ser a principal forma de tratamento e dispensar medicações”, explica.

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