Há 35 anos, o Brasil realizava o primeiro pleito com voto popular direto após a redemocratização. O Estadão fez uma reportagem especial sobre a primeira eleição que teve 22 candidatos – entre eles, um acreano.
À época, o jovem político alagoano Fernando Collor de Mello foi eleito o 32º presidente do Brasil, vencendo o atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, que perdeu a primeira das seis eleições presidenciais que disputou.
O acreano que estava na disputa era Enéas Carneiro, médico cardiologista, mestre pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e professor de física, matemática, física, química, biologia e português. Enéas se apresentava como nacionalista, contrário ao aborto e à legalização das drogas.
“Enéas também ficou conhecido como crítico das privatizações da década de 1990, defensor da moratória da dívida pública brasileira, do militarismo, da construção de uma bomba atômica brasileira e por sua verborrágica oposição aos “políticos tradicionais”. O belenense Enéas Carneiro, o doutor Enéas, recebeu 360 mil votos em 1989, mesmo sendo até então desconhecido”, descreve a reportagem.
“O candidato tinha apenas 15 segundos para propaganda eleitoral, e terminava todas com seu bordão icônico, “meu nome é Enéas”. Se dizia pobre e órfão, criado em bairro simples da capital do Pará, e como alguém que havia conquistado formação por mérito próprio”, continua.
Enéas foi eleito deputado federal por São Paulo com mais de 1 milhão de votos e ocupou o cargo entre 2003 a 2007. Ele obteve um recorde que não foi atingido por nenhum outro candidato até 2018.
“Em 2006, acometido por uma pneumonia e uma leucemia mieloide aguda, não disputou as eleições presidenciais. Foi reeleito deputado durante tratamento quimioterápico que o fez perder a barba inconfundível. Em 6 de maio de 2007, aos 68 anos, faleceu. Foi homenageado em uma marcha contra o aborto, em Brasília, dois dias depois”, finaliza a reportagem.
O Estadão afirma, por último, que Enéas amargou derrota nas urnas, mas conquistou lugar no imaginário popular.