Um mês após as eleições municipais deste ano, as cicatrizes políticas comuns em todas as campanhas ainda não cicatrizaram em alguns setores da sociedade. No movimento indígena, por exemplo, os desentendimentos, que incluem até denúncias de corrupção e compra de votos entre os indígenas, mostram que as feridas nas relações continuam abertas.
O cacique do povo Kaxinawá, Joaquim Taska, da Aldeia Mutum, no Alto Rio Gregório, em Tarauacá, logo após o resultado das eleições, com a derrota de candidatos apoiados por ele, declarou entre amigos que uma das causas foi a compra de votos pelos líderes políticos brancos que corromperam os indígenas na cidade e em suas aldeias.
Decepcionado com o que viu, o líder indígena estaria disposto a não mais se envolver em política. Em Jordão, município onde a população é formada basicamente por indígenas e seus descendentes, o prefeito Neudo Ribeiro (PP) foi eleito em meio às denúncias de práticas irregulares.
Em áudios vazados em redes sociais, o antropólogo Terri Vale de Aquino, que atua no movimento indígena há mais de 40 anos, também deixou escapar seu descontentamento com a corrupção eleitoral entre os povos indígenas da região.
O antropólogo chega a bater boca com um líder indígena local identificado por Elias Paulino, servidor da Funai (Fundação Nacional de Apoio aos Indígenas) e líder da Aldeia Boa Vista, no Rio Jordão. Terri Aquino acusa o líder indígena de ter vendido seu apoio ao prefeito eleito.
Elias Paulino refuta o antropólogo acusando-o de espalhar boatos de que ele seria de fato o verdadeiro dono das terras ocupadas pelos indígenas e daí surge um intenso bate-boca digital entre os dois.
Ouça os áudios: