O “olhar além” pode traduzir o que foi o confronto do Flamengo com o Cruzeiro em Belo Horizonte na noite da última quarta-feira. Primeiro porquê o clube tinha olhos fixados na final da Copa do Brasil contra o Atlético-MG e administrou o elenco para chegar mais inteiro na decisão domingo. A outra razão é David Luiz, que teve um olhar atento – com uma dose de malandragem – para marcar o gol da vitória.
O Flamengo deixou Léo Ortiz, Wesley, Gerson, Arrascaeta e Gabigol no Rio de Janeiro. O quinteto faz tratamento por conta de pequenas dores, incômodos e/ou desgaste físico já pensando no jogo de domingo. Por isso, Filipe Luís enfrentou o Cruzeiro com um time alternativo, que demostrou força para vencer no Brasileirão e novas alternativas.
Rossi, Varela, David Luiz, Fabrício Bruno, Ayrton Lucas; Allan, Pulgar, Alcaraz; Plata, BH e Matheus Gonçalves.
A verdade é que, no geral, a partida foi morna. O Flamengo viu o Cruzeiro pressionar no início da partida, mas logo depois conseguiu controlar e terminou melhor o primeiro tempo. O Rubro-Negro cresceu quando encaixou a defesa e dificultou as investidas do time da casa. As boas movimentações ofensivas foram resultado da intensidade e da dinâmica técnica e tática da formação escolhida por Filipe Luís.
Apesar disso, o Flamengo não conseguiu ser efetivo nos 45 minutos iniciais e foi para o intervalo com 0 a 0 no placar. A única alteração para começar a segunda etapa foi a entrada de Evertton Araújo na vaga de Pulgar, que voltará a ficar à disposição na Copa do Brasil após cumprir suspensão automática no jogo de ida. Mais uma boa partida do jovem volante que vem ganhando espaço e se coloca como uma (boa) opção.
No meio, Alcaraz é uma peça importante a ser citada. Apesar de não ter tido um grande destaque e ainda estar longe de corresponder às altas expectativas por ser a maior contratação do clube, o argentino mostra uma evolução e um encaixe maior a cada jogo. Passes milimétricos e transições rápidas para contra-ataques chamam atenção. Chegou a marcar o que seria o segundo gol do Flamengo, mas acabou anulado após um impedimento de Alex Sandro. Golaço, aliás.
Mas vamos falar de como o Flamengo ganhou o Cruzeiro. Foram apenas 51% de posse de bola com 10 finalizações – somente três no alvo – além de uma bola na trave de Bruno Henrique. Os três pontos e o ânimo lá no alto na véspera de uma final estão na conta da sagacidade de David Luiz.
Aos 7 minutos, o Flamengo se armou para bater uma falta na direção do lado direito do ataque rubro-negro e na diagonal do goleiro Cássio. David Luiz, Matheus Gonçalves e Alcaraz se posicionaram. Foi então que o zagueiro reclamou com o árbitro do posicionamento da barreira.
O olhar atento e o pensamento rápido fizeram David Luiz cobrar a falta praticamente no mesmo segundo que o árbitro apitou, justamente no momento em que a barreira do Cruzeiro estava desatenta. Marlon abriu espaço e a bola passou procurando o fundo da rede, no canto esquerdo de Cássio. “Genialidade”, como disse Filipe Luís em coletiva.
Foi nessa sacada do experiente zagueiro de 37 anos que o Flamengo conseguiu a vitória. Os quase 40 minutos de bola rolando depois do gol até trouxeram um pouco de emoção, mas poucas chances claras de gol para ambos os lados. A linha defensiva – que melhorou com a entrada de Léo Pereira e Alex Sandro – foi importante na manutenção do resultado.
A vitória mantém o Flamengo no G-4 do Brasileirão, prova a força do elenco e dá (mais) confiança para a disputa do jogo que carrega o peso de decidir se a temporada terá valido ou não a pena. Menos de 72 horas para o Rubro-Negro saber se deixará Belo Horizonte com uma boa ou uma má história para contar.