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Bolsonaro considera PEC do fim da escala 6×1 uma ‘armadilha’ e sugere inclusão de salário mínimo de R$ 10 mil no texto

Por O Globo

Bolsonaro volta a alegar perseguição e diz que inquérito da PF é “historinha” — Foto: Brenno Carvalho

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) orientou a bancada do partido a agir de forma maliciosa durante os debates na Câmara sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que põe fim à escala de trabalho 6×1, com seis dias consecutivos de jornada máxima e só um de descanso. Durante evento na sede do PL, em Brasília, o ex-presidente disse que os parlamentares não podem cair “na armadilha” de se colocar contra o tema, que mobiliza a opinião pública.

O ex-presidente Jair Bolsonaro

O ex-presidente Jair Bolsonaro — Foto: Brenno Carvalho

Bolsonaro falou sobre o assunto em evento no qual o seu filho 03, o deputado Eduardo Bolsonaro (SP), foi nomeado secretário para assuntos institucionais e internacionais do partido.

Nesta quarta-feira, a PEC atingiu o número mínimo de assinaturas para ser protocolada. Na proposição protocolada no Congresso em 1º de maio, Dia do Trabalhador, a parlamentar defende que o país adote a jornada de trabalho de quatro dias, e prevê mudanças no número de horas trabalhadas.

‘Areia movediça’

Bolsonaro considera que a medida traria prejuízos à economia, mas disse que é necessário ter cautela ao se opor à PEC, que ele definiu como “areia movediça”.

— Quem está contra a PEC 6×1 está com razão, mas está dando um tiro no pé (por se opor ao assunto). Quem quiser fazer a coisa certa vai se dar mal. Se combate o veneno com peçonha. O PT está jogando empregados contra patrões. Calma, sem muitos discursos. Este tema é uma areia movediça. Que tal colocar na PEC R$ 10 mil de salario-mínimo? Vamos provocar o chefe do Executivo? Ele tem que se pronunciar, a PEC tem que ser dele. Eles mentem que alguém trabalhará 4 vezes por semana. Joga o abacaxi pra ele resolver — afirmou.

Hoje, a carga horária, estabelecida pelo artigo 7º da Constituição Federal, assegura ao trabalhador um expediente não superior a oito horas diárias e 44 horas semanais. O texto inicial da PEC sugere que o limite caia para 36 horas semanais, sem alteração na carga máxima diária de oito horas e sem redução salarial. Isso permitiria que o país adotasse o modelo de quatro dias de trabalho.

A discussão em torno da PEC foi encabeçada pelo vereador eleito pelo Rio de Janeiro, Rick Azevedo (PSOL), que lidera o Movimento Vida Além do Trabalho. Sua correligionária trouxe a proposta para o Congresso Nacional. Na comissão de Direitos Humanos da Casa, a parlamentar defendeu que o fim da escala proporcionaria uma melhor saúde mental ao trabalhador.

— Os trabalhadores têm sua condição de saúde mental afetada por esta lógica do trabalho seis por um. Outros países do mundo mais desenvolvidos que o nosso, sem esta lógica escravocrata, já avançaram nesta política. Ninguém tem a resposta se será quatro por dois, quatro por um. O que queremos fazer é trazer esses trabalhadores precarizações a esta casa para discutir — disse.

Zumbis no Senado

Durante seu pronunciamento, Bolsonaro também falou para a bancada de deputados sobre a necessidade de compor com candidatos de outros partidos que tentarão a presidência da Câmara e do Senado no ano que vem e disse que, em nome do crescimento da direita, o partido precisará compor nos próximos anos.

— Não adianta lançar o Rogerio Marinho (RN) ao Senado e ficarmos sem nada, sem espaços na Mesa Diretora. É melhor compor com o Davi Alcolumbre, estando tentando a 1ª secretaria para deixarmos de ser zumbis no Senado. Na Câmara, graças ao apoio ao Arthur Lira (PP-AL) nas últimas eleições, tivemos a Caroline de Toni na CCJ e o Nikolas na Comissão de Educação. O nome disso é composição.

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