Brasil volta a ser país livre do sarampo, doença infecciosa e capaz de matar

Brasil havia perdido status concedido pela Organização Pan-Americana da Saúde em função de baixa cobertura de vacinas, mas campanhas voltaram e combateram o vírus no território nacional

O Ministério da Saúde anunciou, nesta terça-feira (12), que, depois de perder o certificado de eliminação do sarampo em 2019, o Brasil voltou a ser considerado livre da doença. 

A única maneira de evitar o sarampo é pela vacina/Foto: Reprodução

O sarampo é uma doença infecciosa grave, causada por um vírus, que pode ser fatal. Sua transmissão ocorre quando o doente tosse, fala, espirra ou respira próximo de outras pessoas. A única maneira de evitar o sarampo é pela vacina.

Os principais sintomas do sarampo são: febre acompanhada de tosse; irritação nos olhos; nariz escorrendo ou entupido e  mal-estar intenso. Em torno de 3 a 5 dias, podem aparecer outros sinais e sintomas, como manchas vermelhas no rosto e atrás das orelhas que, em seguida, se espalham pelo corpo. Após o aparecimento das manchas, a persistência da febre é um sinal de alerta e pode indicar gravidade, principalmente em crianças menores de 5 anos de idade.

 O status de país livre da doença foi concedido pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) em 7 de novembro e anunciado pela Ministra da Saúde, Nísia Trindade, em cerimônia realizada na sede da entidade internacional em Brasília, nesta segunda-feira. 

O último registro de sarampo no Brasil aconteceu em junho de 2022, no Amapá. Este ano, foram verificados quatro casos importados — no Rio Grande do Sul, Minas Gerais e São Paulo —, mas medidas como a busca ativa e a vacinação de bloqueio ajudaram a evitar casos secundários.

A presidente da SBIm, Mônica Levi, comemora a notícia, mas destaca que a manutenção do status depende de mobilização constante, uma vez que o vírus continua a circular em outras nações. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), em todo o planeta, foram confirmados mais de 320 mil episódios de sarampo em 2023.

“Perder o certificado, algo que o histórico recente mostra não ser impossível, seria um grande retrocesso. Estamos no caminho certo, mas precisamos estar atentos e redobrar os nossos esforços, até porque o sarampo não é a única doença com a qual devemos nos preocupar. Evoluímos bastante, mas boa parte das vacinas, a exemplo da que previne a pólio, permanece com a cobertura aquém do desejado”, pondera a técnica.

Uma das principais causas de mortalidade infantil no passado, o sarampo foi gradativamente controlado no Brasil graças às políticas de vacinação conduzidas ao longo de décadas, com destaque para o Plano Nacional de Eliminação do Sarampo, de 1992. Em 2016, a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) reconheceu o Brasil, pela primeira vez, como livre do sarampo.

Infelizmente, com a queda nas coberturas vacinais, o contato de pessoas não vacinadas com indivíduos que contraíram a doença no exterior levou à ocorrência, a partir de 2018, de surtos sustentados de grandes proporções — especialmente no Amazonas, Roraima e São Paulo. Com isso, em 2019, o Brasil perdeu o status de eliminação.

Entre 2018 e o início de junho de 2022, foram confirmados 39.799 casos e 40 mortes pela doença. Após dois anos sem registros e a melhoria nas coberturas vacinais e nos sistemas de vigilância epidemiológica e resposta a emergências, a OPAS voltou a conceder o certificado ao país.

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