Enquanto a Fundação Hospital Estadual do Acre (Fundhacre) avança para a habilitação de transplantes ósseos, o dentista Pancho Roque, que atua em Rio Branco, afirma que o procedimento já é realizado no estado desde 2008.
Roque, que trabalha na clínica Oral Orto Clin, relatou que foi um dos pioneiros a realizar transplantes ósseos no estado, procedimento pouco divulgado à época, mas com resultados extremamente positivos.
“O transplante ósseo, diferente do enxerto, utiliza tecido humano, algo que é possível apenas por meio de bancos de ossos. No Acre, realizamos esse tipo de procedimento desde 2008. Não é um procedimento novo para nós”, explicou Pancho Roque.
Segundo ele, o procedimento foi utilizado especialmente para tratar pacientes com maxilas atrofiadas, muitas vezes por causa de próteses totais ou dentaduras. Roque explicou ainda que os resultados foram muito positivos, com uma taxa de sucesso muito alta, que gira em torno de 99%.
“A rejeição é praticamente inexistente, pois o tecido ósseo humano é muito biocompatível. Desde 2008, nunca perdemos um caso de transplante ósseo, apenas implantes e enxertos ósseos, mas nunca o transplante”, afirmou.
Roque também detalhou que, na época, ele precisou se credenciar para realizar os procedimentos de transplante ósseo humano (o que permanece até os dias atuais), e que o Dr. Tadeu Moura, outro dentista acreano, também foi credenciado para solicitar o tecido ósseo humano.
No entanto, ele não sabe se o Dr. Tadeu chegou a realizar o procedimento e portanto, seria ele o pioneiro de transplante ósseo no Acre. Roque ainda ressaltou que, ao lado de seu sócio Dr. Lúcio Brasil, realizam cirurgias de grande porte juntos há 20 anos, e que Lúcio já tem 30 anos de experiência na área odontológica.
“Hoje, estamos fazendo menos transplantes ósseos, pois os implantes atuais são mais longos, podendo ter entre 3 e 7 cm, e conseguem alcançar o osso superior da face, próximo à região do olho, o que evita a necessidade de um transplante. Mas o transplante ainda é essencial em casos de grande perda óssea, como em pacientes com tumores ósseos”, detalhou o dentista.
Ele também explicou a diferença entre os tipos de enxertos ósseos e transplantes. O “osso autógeno” é o mais comum, retirado do próprio paciente, geralmente da mandíbula ou bacia, enquanto o “transplante ósseo” envolve o uso de tecido ósseo humano de um doador, disponível por meio de bancos de ossos.
Outros tipos de enxertos incluem os ossos “homólogos”, retirados de um indivíduo da mesma espécie, e os “heterólogos”, que provêm de espécies diferentes, como o osso bovino. Há também os enxertos sintéticos, produzidos em laboratório, que eliminam a necessidade de se fazer uma segunda cirurgia para obter o osso.
“Apesar do avanço dos implantes, que hoje são feitos de forma mais eficaz, os transplantes ainda são necessários para reabilitar a simetria facial em pacientes que sofreram grandes perdas ósseas, como em casos de tumores ou acidentes graves”, explicou Roque.
A eficácia do procedimento
Roque ressaltou que a eficácia do transplante ósseo é quase 100%, com uma taxa de rejeição muito baixa, dado que o tecido ósseo humano é altamente compatível com o organismo do receptor.
“A genética sempre pode influenciar, mas em termos de rejeição, o transplante ósseo humano é muito mais seguro do que outros tipos de transplantes”, afirmou o dentista.
A relevância do transplante ósseo
O transplante ósseo é uma técnica importante, especialmente para pacientes que sofreram grandes perdas ósseas devido a condições como tumores ou acidentes. O tecido ósseo utilizado pode ser retirado de bancos de ossos humanos, oferecendo uma alternativa mais eficaz e segura para a reconstrução óssea, especialmente em casos de reabilitação da face e da mandíbula. A técnica não apenas melhora a estética do paciente, mas também permite a recuperação da funcionalidade, como a mastigação e a fala, proporcionando uma melhor qualidade de vida.
“Esses procedimentos são essenciais para muitos pacientes e têm o potencial de transformar vidas. O fato de agora termos essa técnica sendo reconhecida e realizada pela Fundhacre é uma grande conquista para o estado, mas no Acre, nós já realizamos esse procedimento há muito tempo”, concluiu Pancho Roque.