No Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, um cenário de sofrimento e violação de direitos humanos persiste. Em um áudio recente enviado ao ContilNet na tarde desta sexta-feira (22), uma mulher que prefere não ser identificada relata manifestações de imigrantes inadmitidos que, desesperados, clamam por refúgio e melhores condições de tratamento.
“Mesmo sem força, eu tenho que informar isso. Está tendo agora, dentro do aeroporto, uma manifestação dos estrangeiros. Eles estão clamando à Polícia Federal para que dê refúgio a eles. Isso não está me cheirando bem. Pode ser que haja retaliação por parte da polícia”, afirma a mulher no áudio. Ela destaca o temor de que a repressão policial intensifique o sofrimento dos refugiados.
Entre as revelações, a fonte menciona supostas manipulações em listas de inadmitidos da Polícia Federal. Um caso específico, de um imigrante que teve sua entrada registrada em data diferente daquela apresentada em documentos oficiais, reforça suspeitas de irregularidades.
“Curiosamente, o delegado afirmou que ele não estava na lista da área de inadmitidos, mas está sim. A lista oficial da própria Polícia Federal vazou por erro”, denuncia.
A fonte também cita desaparecimentos misteriosos de imigrantes durante a madrugada, quando a vigilância é reduzida. Segundo ela, “um rapaz saiu essa semana entre quatro e cinco da manhã, sem deixar rastro”.
Essas irregularidades teriam sido facilitadas por um advogado que, segundo a mulher, tem histórico de envolvimento em tráfico de pessoas, embora tenha sido absolvido em investigação anterior.
Esses novos relatos se somam a uma série de denúncias recentes.
Advogadas como Yara Ramthor e Ellen Dias alertaram para graves violações de direitos humanos no local. Entre as situações denunciadas estão agressões físicas, humilhações, ameaças de deportação e falta de assistência médica.
Um dos casos mais graves foi o de um refugiado africano, agredido por agentes da Polícia Federal, que sofreu lesões na região pélvica.
Outros refugiados também relataram situações de vulnerabilidade extrema, como fome, frio e adoecimento, sem qualquer suporte. Segundo as advogadas, muitas dessas pessoas enfrentam risco de tortura ou morte em seus países de origem.
Outra denúncia aponta falhas no sistema digital Sisconare, que deveria agilizar pedidos de refúgio, mas tem prejudicado o atendimento aos imigrantes.
Além disso, deportações ilegais são realizadas durante a madrugada, sem que os imigrantes tenham acesso a garantias legais básicas. A advogada Yara Ramthor acusa o governo brasileiro de desrespeitar a Lei de Migração e tratados internacionais de direitos humanos.
A situação tem chamado a atenção de organizações internacionais. A Corte Interamericana de Direitos Humanos foi acionada, e há pressão para que o caso seja levado ao Tribunal Penal Internacional. Para Yara, “as violações sistemáticas configuram crimes contra a humanidade”.
Veja o vídeo: