Uma mulher de 33 anos de idade está processando, no Rio de Janeiro, o dirigente local de uma Igreja daimista, a Céu do Mar, o psicólogo Paulo Roberto Souza e Silva, líder da religioso segue a doutrina do Santo Daime, religião originada no Acre no início do século XX, registrada oficialmente na década de 30, e que usa a bebida também conhecida como ayahuasca em seus rituais como sacramento.
A religião foi fundada no Acre pelo maranhense Irineu Serra e hoje tem seguidores por todo o mundo. Não é a primeira vez que adeptos da doutrina se envolvem em casos do tipo. Agora, a mulher, cuja identidade não é revelada e o processo corre em segredo de Justiça, acusa o dirigente da Igreja de abuso sexual. O caso também envolve reclamação de direitos trabalhistas. O caso foi inicialmente divulgado pelo jornal A Folha de São Paulo, através do colunista Marcelo Leite.
Paulo Roberto não teria comparecido a nenhuma audiência convocada pela Justiça. O processo é movido por uma jovem funcionária e frequentadora da Igreja, de 33 anos. Ela diz que foi expulsa da Igreja quando veio à tona a informação de que o líder religioso a assediava sexualmente.
A principal organização da religião Santo Daime no Brasil, a Igreja Eclética da Fluente Luz Universal (Iceflu), publicou no dia 1º de novembro uma nota sobre as acusações. A nota diz que “Paulo Roberto teve um papel de destaque no processo de legalização e expansão” da doutrina. “De toda forma, a ICEFLU considera inaceitáveis, do ponto de vista ético, suas possíveis condutas de abuso e importunação sexual”.
“Nossa instituição se solidariza profundamente com as vítimas de abuso e reafirma seu compromisso em ouvir e apoiar qualquer pessoa que tenha enfrentado situações de violência ou assédio, garantindo espaços de acolhimento e suporte”, diz a nota.
A nota diz ainda que a Iceflu está “fortalecendo nossos canais de acolhimento e aperfeiçoando e nosso trabalho, no sentido de promover um ambiente religioso seguro e acolhedor para todos, aberto à escuta ativa e preparado para enfrentar, com firmeza, situações de abuso e de desvio de conduta em nossos quadros”.
A organização diz que a Iceflu “tem apoiado e fortalecido o GT Mulheres, que vem promovendo ações educativas e propondo medidas disciplinares, assim como promovendo o letramento sobre o assunto, acolhendo mulheres e trabalhando para implementar boas práticas”.
“Reiteramos que nossos centros associados podem acessar nosso canal de acolhimento ([email protected]) de forma segura e confidencial, bastando buscar informações diretamente em nossa sede ou nos centros associados”, diz ainda a Iceflu.