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Luís Maurício assume luta pela Cannabis no Brasil após fim do Natiruts

Por Metrópoles

Após quase três décadas, o Natiruts encerrou uma trajetória que conta com hits de sucesso e uma longa trajetória na música. Apesar de ser o fim de um ciclo, para Luís Maurício, baixista do grupo, a despedida do grupo dará início a uma nova era e um novo propósito.

Reprodução

Em entrevista ao Metrópoles, Luís Maurício deu detalhes sobre projetos que vai encabeçar após o fim do grupo. Na música, vai se voltar mais para a parte da composição, levando canções para outros artistas e dando um tempo das viagens longas de turnês.

“São quase 30 anos viajando, mas eu vou continuar compondo, então vou continuar fazendo isso mas sem aquela pressão da estrada, de ter que estar viajando sempre. Essa pressão acabou agora musicalmente e é só desfrutar do legado que a gente construiu”, diz.

Sobre um dia retornar à música com o grupo, Luís Maurício foi sincero. “Se a gente tiver descansado e tiver vontade de fazer uma turnê comemorativa de sei lá, 30 anos de um álbum x do Natiruts, aí eu volto para fazer alguns shows, mas sempre turnês com o início meio e fim, e não aquela coisa eterna. Para projetos pontuais, vou estar aberto”, frisou.

Luta pela democratização ao acesso legal de medicamentos a base de cannabis

O foco do artista nesta nova fase após o fim do Natiruts será como presidente da Associação Brasileira de Cannabis e Cânhamo Industrial (ABCCI), cargo que ocupa há quase um ano, e terá como primeiro foco a luta pelo acesso de medicamentos à base de cannabis no Brasil.

Segundo Luís Maurício, apesar de o debate ter avançado em vários setores do país, com decisões favoráveis no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Superior Tribunal de Justiça (STJ), ainda há muito o que caminhar em relação à Cannabis no Brasil. Umas das missões do músico como presidente da ABCCI é ampliar o debate sobre o tema.

Além disso, ele avalia que muitas pessoas não têm informação suficiente sobre as plantas. A Cannabis conta com três espécies: a sativa, indica e ruderalis, a última é o cânhamo, que não possui efeito psicoativo, e sim diversas aplicabilidades, como na indústria têxtil.

“Esse meu trabalho é uma continuação do que o gente sempre pregou e sempre falou no Natiruts, então a gente tem que fazer esse trabalho, eu fico feliz com esses avanços, o Brasil tem que deixar de hipocrisia, eu tenho frequentado o Congresso depois de entrar na Associação, e os políticos, de modo geral, morrem de medo dessa pauta porque eles não se preocupam com a pauta em si, eles se preocupam com que o eleitorado vai pensar e com o voto, eles tem medo de perder voto e então acabam não não se posicionando, fugindo, se esquivando dessa pauta”, avaliou.

Para o músico, existe uma mobilização popular e os artistas se colocam como pessoas que têm voz para falar sobre o tema para uma grande parte da população.

“Tem gente precisando de medicamento hoje, morrendo por falta de remédio, gente que está sendo presa por um farelo de de maconha, então tem uma série de injustiças que ferem até a Constituição, questões de direitos humanos, direitos fundamentais, direitos econômicos, fundamentais de soberania do nosso país e que não podem ficar para trás, então a nossa luta é bem abrangente e eu fico muito feliz de estar nessa causa, foi um novo propósito que apareceu na minha vida e hoje eu acordo pensando nisso, vou dormir pensando nisso e em uma forma de contribuir. Acho que a gente já deixou um legado artístico como banda, que é eterno e maravilhoso. Eu já estou caminhando para meus 52 anos de idade e agora nessas próximas décadas eu quero deixar um legado de um país mais justo”, pontuou.

Educação sobre o tema na turnê de despedida do Natiruts

A pauta da cannabis no Brasil já estava nos radares de Luís Maurício há um tempo. Na turnê de despedida do Natiruts, ele inclusive já estava usando um baixo feito de das fibras de cânhamo, o primeiro do mundo, e passava mensagens sobre o tema durante o show.

“Eu não conhecia muito sobre o cânhamo industrial e dentro da Associação eu fui aprendendo o tanto que essa planta é maravilhosa e tem muitos benefícios. Então eu fui me encantando por esse universo do cânhamo e, quando chegou na nossa turnê de despedida, conversei com os meninos e falei para o Alê [Alexandre Carlo, vocalista da banda]: ‘Vamos levar essa pauta da Cannabis medicinal e do cânhamo industrial para nossa turnê e ele de pronto aceitou e esteve comigo nessa luta”.

O Natiruts lançou o primeiro clipe carbono neutro do mundo – David Luiz Andrade

Nos shows do grupo, eles mostraram no telão casos de famílias que tiveram a vida transformada com tratamento à base de canabidiol. Além disso, Luís Maurício propôs que as roupas do merchandising da banda para a turnê fossem feitas com fibras de cânhamo e que os copos reutilizáveis também tivessem cânhamo na composição. Foi assim que a ideia do baixo de fibra de cânhamo surgiu.

O músico então foi à procura de empresas que fizessem o instrumento e encontrou apenas locais que faziam guitarras e violões. Foi com a ajuda de uma amiga que encontrou uma empresa americana que faz placas de madeira para construção civil e lá perguntou se eles conseguiam fazer um baixo usando um bloco de fibra de cânhamo.

“Fizeram um baixo maravilhoso para mim e foi incrível porque pensei mais pela representatividade e não pensei em fazer um baixo porque ia ficar com o som maravilhoso. Mas, para minha surpresa, ficou com um som maravilhoso, inclusive meu engenheiro de som me mandou uma mensagem, enquanto eu estava em cima do palco, e disse: ‘Esse baixo de cânhamo é melhor do que o outro’”, revelou Luís Maurício.

Para ele, o baixo abre portas para educar as pessoas sobre os benefícios e as aplicações do cânhamo. “Com o baixo, nós furamos a bolha, porque eu cheguei com um instrumento musical e falei que era feito de cânhamo e as pessoas perguntavam ‘o que é cânhamo?’ E aí eu vou falando do instrumento e quando vejo estou falando sobre essas pautas e explicando mais e levar a informação para o grande público”, complementou.

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