Estamos há dois meses do fim do ano, e para muitos, essa reta final desperta reflexões sobre as oportunidades e os desafios que surgiram e que ainda podem aparecer. Encarar algo novo, como uma mudança profissional, um projeto desafiador, ou até mesmo um recomeço pessoal, traz à tona um sentimento comum: o frio na barriga. Mas será que esse nervosismo realmente indica incapacidade? Ou será que ele é apenas um lembrete de que estamos vivos, prontos para crescer e explorar novos horizontes?
O medo do desconhecido, segundo o famoso autor e psicólogo Rollo May, é uma experiência essencial da condição humana. Em seu livro A Coragem de Criar, May afirma que a coragem não é a ausência de medo, mas a capacidade de enfrentá-lo. Esse desconforto inicial, essa resistência que sentimos ao nos aventurarmos em territórios inexplorados, nada mais é do que a resposta do cérebro tentando nos proteger. Afinal, evoluímos em um mundo onde o novo era, muitas vezes, sinônimo de perigo. O medo surge, então, como um mecanismo de defesa, mas que pode também nos paralisar se não for encarado com a devida perspectiva.
Outro grande nome que explora a importância de enfrentar o desconhecido é Brené Brown. Em seu livro A Coragem de Ser Imperfeito, Brown descreve a vulnerabilidade como o caminho para a autenticidade e para descobrirmos nossa verdadeira força. O desconforto diante do novo é, segundo ela, um convite a nos mostrarmos como somos, a aceitar nossas fraquezas e a seguir em frente, mesmo com as incertezas. É nesse processo que descobrimos habilidades e qualidades que muitas vezes desconhecíamos em nós mesmos. Hahaaaa.
Acolher o medo e a vulnerabilidade, como sugerem esses autores, pode transformar a experiência de enfrentar algo novo em uma oportunidade de crescimento. Podemos escolher ver o frio na barriga como um sinal de que algo significativo está por vir, e não como um indicativo de falta de habilidade. Como bem pontua o psicólogo Carl Rogers, um dos fundadores da psicologia humanista, “o paradoxo curioso é que quando me aceito como sou, então posso mudar.” É ao aceitar nossas inseguranças e medos que nos tornamos mais capazes de enfrentá-los e, por fim, superá-los.
O novo nos exige coragem para romper com o confortável, com o previsível, e nos convida a desenvolver nosso repertório. Não se trata apenas de ganhar novas habilidades ou alcançar objetivos, mas de descobrir um novo lado de nós mesmos. Esse processo é essencial para o nosso amadurecimento, e desafios inéditos não surgem para nos desestabilizar, mas para revelar quem realmente somos.
Então, à medida que o ano se encerra e novas oportunidades talvez batam à sua porta, lembre-se de que o medo é natural, mas ele não define você. Ele é apenas o ponto de partida para algo maior, para um aprendizado que vai além do que você é hoje. Como disse o poeta e filósofo Ralph Waldo Emerson, “faça aquilo que você mais teme, e a morte do medo será certa.”
Abraçar o novo é uma escolha que requer coragem, mas é essa escolha que permite a verdadeira expansão do nosso potencial. A vida é feita de ciclos, de oportunidades de crescimento, e é no ato de tentar, falhar, aprender e tentar novamente que construímos nossa história. Portanto, não fuja do novo.
Enfrente-o de peito aberto e lembre-se de que você é, sim, capaz.
Maysa Bezerra
Storyteller e Estrategista