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Museu Catavento inaugura exposição interativa para comemorar 100 anos do Palácio das Indústrias

Por O Globo

Palácio das Indústrias é a atual casa do Museu Catavento — Foto: Pedro Jackson

Mesmo que o Palácio das Indústrias tenha completado 100 anos em abril, é nesta quinta (14) que o Museu Catavento abre para o público uma exposição interativa em homenagem ao centenário de sua atual casa. Localizado no Parque Dom Pedro II, no centro histórico da capital paulista, o espaço, que passou por diversas administrações e funções, tem sua história diretamente relacionada à de São Paulo.

Palácio das Indústrias é a atual casa do Museu Catavento

Palácio das Indústrias é a atual casa do Museu Catavento — Foto: Pedro Jackson

A mostra conta com quase 180 imagens históricas e 39 acervos físicos. Dentre os destaques, na entrada há três maquetes que mostram a região do Palácio, com projeções audiovisuais que deixam a imersão do visitante mais convidativa e descrevem o crescimento urbano da cidade.

As animações mostram desde as cheias e a estiagem do Rio Tamanduateí, as rotas indígenas e o bandeirismo, até o primeiro projeto de urbanização da região, do francês Joseph Bouvard, e o plano de avenidas de Prestes Maia, que impulsionou a expansão urbana entre as décadas de 20 e 30.

Entrada da exposição conta com maquetes que mostram a região do Palácio e o crescimento urbano de São Paulo — Foto: Museu Catavento/Divulgação

– O urbanismo de São Paulo nasce na Várzea do Carmo, onde já estava inserido o Palácio das Indústrias – diz Ricardo Pisanelli, curador e Superintendente de Projetos do Museu Catavento. – Até 1870, São Paulo tinha 30 mil habitantes. Com a economia do café, passa a centralizar as ferrovias do estado, crescendo economicamente de maneira vertiginosa, atraindo indústria, comércio e imigrantes.

Além da arquitetura única do prédio, outras maquetes explicam sobre suas simbologias ecléticas – como a quimera, as deusas no lago e o carro de bois. Assim, por 28 pontos do Palácio, fotos históricas estão expostas nos locais onde foram tiradas, convidando o visitante a fazer um passeio arquitetônico.

Ao final da exposição, o público também poderá realizar visitas guiadas em áreas restritas à visitação comum, por pontos icônicos do prédio, como o subsolo e a sacada, onde ficam as principais estátuas. Além do tour, o setor educativo do Museu também oferece oficinas temáticas para os visitantes, que comemoram os 100 anos do Palácio das Indústrias. Tanto o passeio quanto as ações podem ser previamente agendadas pelo site oficial do Catavento.

– O uso (do Palácio das Indústrias) como museu permite que essa história seja divulgada e que esse patrimônio seja preservado, levando a população a visitá-lo por um preço acessível – diz Pisanelli.

Fora a exposição, o espaço do museu também contará com um jogo imersivo feito pelos aprendizes das Fábricas de Cultura – Setor A, geridas pela Organização Social Catavento, responsável pelo museu. Na ação, por meio de um avatar em uma tela navegável, o visitante poderá navegar pelo Palácio inteiro, o que procura tornar a experiência ainda mais imersa.

A história do Palácio das Indústrias

Antes mesmo de sua inauguração, em 29 de abril de 1924 – com projeto de Domiziano Rossi, arquiteto italiano –, em 1917, o Palácio já recebia exposições industriais, automobilísticas e, até mesmo, artísticas. Depois de 30 anos funcionando dessa maneira, em 1947 o prédio passa a ser sede da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), sendo renomeado como Palácio Nove de Julho. Na exposição, para retratar esse uso, além do acervo de imagens, há também um exemplar original da Constituição paulista do mesmo ano, que foi assinada já no edifício.

Na ditadura militar, com a mudança da Alesp para o endereço atual no Ibirapuera, o local passou a ser a sede do Corpo de Bombeiros e do Corpo de Bombeiros 1° Distrito Policial, abrigando diversas divisões da polícias Civil e Militar.

– Nesse período, o prédio passa por uma degradação da sua arquitetura, porque construíram pavilhões enormes, fora do projeto original – conta o curador do museu. – O edifício sofre porque eles não cuidavam bem de sua manutenção.

O prédio foi oficialmente tombado em 1982 e, sete anos depois, se tornou sede da Prefeitura Municipal de São Paulo, sob gestão de Luiza Erundina. Com o novo propósito, iniciou-se também um projeto de restauro pelas mãos de Lina Bo Bardi, arquiteta modernista ítalo-brasileira.

– Ela devolve a arquitetura original do Palácio. Faz restaurações e intervenções no subsolo, por exemplo, que era apenas um porão para o prédio, transformando-o em um espaço habitável – diz Pisanelli.

O edifício seguiu como casa da prefeitura até 2004, quando esta foi transferida para o Edifício Matarazzo, no Vale do Anhangabaú. Assim, ficou desocupado e sem uso por alguns anos, até 2007, quando foi dedicado pelo Governo do Estado de São Paulo para o Museu Catavento.

– (O museu) retoma esse uso original como espaço de exposições, agora, de ciência. Não só de matemática e física, mas também com as ciências sociais, com a história como ciência – complementa o curador.

Serviço

A exposição está no Museu Catavento, Avenida Mercúrio – Parque Dom Pedro II, de terça a domingo, das 9h às 17h. Os ingressos custam R$ 18 (inteira) e R$ 9 (meia), com gratuidade às terças e toda segunda quarta-feira de cada mês.

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