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Nova corrida espacial: cibercriminosos fazem fila para hackear sistemas, satélites e naves

Por Olhar Digital

Antes, a corrida espacial se concentrava apenas em explorar com sucesso o espaço sideral. Agora, os cientistas e engenheiros espaciais lutam contra uma nova ameaça: impedir que hackers se aproveitem de brechas de segurança e utilizem a inteligência artificial das tecnologias espaciais para danificá-las, roubar dados secretos e criar armas. A informação foi divulgada recentemente com exclusividade pela CNBC.

Cibercriminosos fazem fila para hackear sistemas, satélites e naves. Foto: Reprodução

Segundo o empresário Elon Muske o próprio governo dos Estados Unidos, o país está ameaçado contra espiões russos e chineses que visam invadir naves, sistemas e satélites para roubar informações sigilosas.

Sylvester Kaczmarek, diretor de tecnologia da OrbiSky Systems, admite que parte das brechas de segurança advém da falta de supervisão humana adequada sobre a inteligência artificial utilizada nas tecnologias espaciais. Veja as informações detalhadas a seguir.

Hackers se aproveitam de brechas em softwares espaciais para invadir naves, satélites e demais sistemas

Lançar um objeto no espaço (seja um satélite ou uma nave) é algo que demanda muitas pesquisas, bem como a utilização constante de sistemas de software. Por si só, esses softwares já são vítimas diárias de ataques cibernéticas, mas desde a implementação da inteligência artificial na engenharia espacial, mais brechas se abriram e esses cibercriminosos fazem fila para invadir naves, satélites e demais sistemas.

Cibercriminoso roubando informações alheias. Foto: Reprodução

Segundo a análise da CNBC, essas brechas ocorrem porque a IA utilizada pelos pesquisadores consegue interconectar diferentes softwares simultaneamente — o que cria uma faca de dois gumes: embora os cientistas e engenheiros tenham mais autonomia e gerenciamento para controlar diferentes tecnologias, devido à integração da IA com esses sistemas; isso também significa que, se um hacker acessar e manipular o sistema da inteligência artificial (que controla tudo), ele poderá revogar os acessos de todos os outros e deter o controle total ou parcial das tecnologias espaciais. Se esse controle for revogado, o cibercriminoso pode fazer um estrago inimaginável.

William Russell, diretor de contratação e aquisições de segurança nacional do Escritório de Responsabilidade do Governo dos EUA, declara que se uma nave ou satélite for hackeada e danificada sem que os engenheiros percebam, o projeto todo pode sofrer muitas complicações. Isso porque, uma vez no espaço, não haverá possibilidade de realizar os reparos necessários para consertar os estragos ocasionados pelo hackeamento.

Os problemas ocasionados pelo hackeamento podem prejudicar as agências espaciais em três pontos principais: no espaço, na Terra, e no canal de comunicação entre ambos. De acordo com Wayne Lonstein, cofundador e CEO da VFT Solutions, uma falha em apenas um desses sistemas pode ocasionar um efeito dominó para derrubar todo o projeto. “De muitas maneiras, as ameaças à infraestrutura crítica na Terra podem causar vulnerabilidades no espaço”, assim como na “internet, energia, spoofing e tantos outros vetores que podem causar estragos no espaço”, finaliza.

As brechas de segurança exploradas com a implementação das IAs

De forma geral, a inteligência artificial é utilizada para gerar um gerenciamento mais autônimo em diferentes tipos de tecnologias. Por exemplo, os rovers — veículos espaciais — são utilizados para explorar o solo de diferentes lugares, e a IA implementada em muitos deles organiza e monitora o comportamento do robô, além de hospedar os seus dados. O problema, contudo, é a comum falta de uma supervisão eficiente sobre a IA que gerencia o robô, o que os deixa mais vulneráveis.

Uma vez que a supervisão humana é reduzida, os sistemas ficam mais suscetíveis a ataques cibernéticos, especifica Sylvester Kaczmarek, diretor de tecnologia da OrbiSky Systems.

Exemplo de rover, um veículo exploratório utilizado em missões espaciais. Foto: Reprodução

Os Estados Unidos já possui um histórico de alegações contra hackers individuais e equipes inteiras de cibercriminosos, supostamente atuando a mando de nações estrangeiras como Rússia e China. Para exemplificar, é possível citar a acusão que Elon Musk fez em 2022: o magnata disse que o satélite Starlink, de sua empresa SpaceX, foi alvo de um ataque russo. Já no ano passado, o governo estadunidense emitiu um alerta de que espiões chineses e russos miravam as tecnologias espaciais da SpaceX e da Blue Origin.

Consoante Kaczmarek, ameaças possíveis são o envenenamento dos dados hospedados pelas IA, e até métodos de engenharia reversa para roubar dados confidenciais (da IA e coletados pelos rovers). Ele ainda diz que se essas tecnologias forem invadidas, os cibercriminosos podem obter o controle de missões espaciais importantes e secretas ou, pior, utilizá-las para criar algum tipo de arma.

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