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PRF reclamou de valor pago para transportar droga: “Micharia”

Por Metrópoles

Os dois policiais rodoviários federais investigados pela Polícia Federal (PF) por tráfico interestadual de drogas reclamaram do valor que receberiam para transportar entorpecentes para o traficante José Heliomar de Souza, conhecido como Léo e apontado pela PF como mentor intelectual, coordenador e líder da organização criminosa sediada em Porto Velho, Rondônia.

Reprodução/Relatório PF

 

Os agentes da PRF Diego Dias Duarte (vulgo Robocop) e Raphael Ângelo Alves da Nóbrega cobravam até R$ 2 mil por quilo de cocaína para fazer o transporte da droga para o Comando Vermelho (CV) no Ceará.

A quebra do sigiloso telefônico e telemático dos investigados apontou conversas nas quais eles negociavam o valor da “missão” e elaboravam estratégias para não serem pegos transportando a droga nas rodovias do país. A informação consta em diálogos obtidos pela PF, aos quais a coluna teve acesso.

Reprodução/Documento obtido pela coluna

Reprodução/Documento obtido pela coluna

Por ser véspera de Natal, eles falam sobre adiar a entrega para janeiro e afirmam que “toda semana aparece oportunidade”. Em uma das conversas por WhatsApp, ocorrida entre os dias 17 e 19 de dezembro de 2021, os dois PRFs consideram “baixo” o valor de R$ 35 mil para transportar 70 kg de cocaína. Para eles, o mínimo teria que ser R$ 1,5 mil por quilo da droga, ou seja, R$ 105 mil.

Raphael Ângelo escreve para Diego afirmando que “desta vez não rola” fazer o transporte da droga por menos de R$ 2 mil. Em outra mensagem, afirma que aceitaram fazer o serviço anteriormente no valor menor para “fechar a parceria”.

No dia 18 de dezembro, Raphael pergunta para Diego qual “estratégia” ele estava pensando para transportar, porque não estava se sentindo estimulado. No áudio transcrito pela Polícia Federal, Raphael volta a reclamar do valor do serviço. “Me diga aí qual a sua estratégia, para ver se me estimula aqui, porque ali está uma micharia [sic], cara”.

Diego responde o colega afirmando que “tá ruim mesmo”. Em seguida, fala que seu plano é comprar um carro em Porto Velho (RO) e dirigir o veículo sem placa mesmo. Raphael elogia a ideia do parceiro. “É uma boa.”

No mesmo dia, Raphael também diz a Diego que Heliomar, o chefe da organização criminosa, “está apertando” para que eles façam o frete mesmo assim, porque isso “abriria portas” aos dois.

PRFs locavam carros para não levantar suspeitas

A Polícia Federal identificou que os agentes da PRF alugavam carros para despistar a polícia. Casos eles utilizassem o mesmo veículo para transportar drogas várias vezes, o sistema de inteligência da instituição acusaria a frequência do automóvel.

A partir da quebra de sigilo bancário, de notas fiscais e de metadados de GPS dos aparelhos celulares dos suspeitos, a PF conseguiu traçar o caminho da droga.
Diego e Raphael Angelo até alugavam carros para transportar os entorpecentes. Ambos realizavam consultas em sistemas informatizados da PRF para que outros membros da quadrilha evitassem fiscalizações nas rodovias.

Operação Puritas

Diego, Raphael Angelo e outros três policiais militares foram alvo da Operação Puritas, deflagrada em 7 de novembro pela Polícia Federal. De acordo com as investigações, os agentes eram responsáveis pelo transporte de toneladas de drogas destinadas principalmente ao CV no estado do Ceará. O grupo criminoso poderá responder por tráfico interestadual de drogas, associação criminosa e lavagem de dinheiro.

Além de realizarem o transporte de centenas de quilos de cocaína, os agentes de segurança pública tinham outras funções na organização criminosa: contrainteligência e direcionamento de flagrantes contra quadrilhas rivais. Eles usavam informações “sensíveis” e “sigilosas” para beneficiar o grupo criminoso, como a identificação de quando e onde ocorreriam blitzes e operações, bem como a indicação de rotas alternativas.

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