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PRFs atuaram para livrar traficante de abordagem policial

Por Metrópoles

Investigados em operação da Polícia Federal (PF) contra o tráfico de drogas, os policiais rodoviários federais (PRFs) Diego Dias Duarte (no centro da foto em destaque) e Raphael Ângelo Alves da Nóbrega (à direita da foto em destaque) atuaram para livrar o traficante José Heliomar de Souza (à esquerda da foto em destaque) de uma abordagem policial.

O caso ocorreu em 11 de dezembro 2021 na cidade de Itapuã do Oeste, em Rondônia.

Na ocasião, Heliomar foi pego portando ilegalmente uma arma de fogo, mas foi liberado em seguida. Isso aconteceu após Diego entrar em contato com um agente de plantão da base de Itapuã do Oeste alegando que o traficante se tratava, na verdade, de um informante e que, portanto, era necessário aliviar a situação de Heliomar.

Os detalhes da atuação dos PRFs para livrar o traficante constam em inquérito da Polícia Federal obtido pela coluna.

Imagem reprodução/editoria de arte Metrópoles

Diego, Raphael Ângelo e Heliomar foram alvo no último dia 7 da Operação Puritas, que investiga um esquema de tráfico de drogas interestadual com a participação de policiais. Os dois PRFs respondiam aos comandos de Heliomar, o mentor intelectual da organização criminosa, e atuavam diretamente no transporte da cocaína que abastecia a facção Comando Vermelho no Ceará.

No total, foram cumpridos 15 mandados de prisão e outros 30 de busca e apreensão, em sete estados e no Distrito Federal. Os investigados poderão responder por tráfico interestadual de drogas, associação criminosa e lavagem de dinheiro.

PRF ganhou “pontos” ao intervir a favor de traficante

A partir da quebra de sigilo telefônico e telemático do aparelho celular dos investigados, a PF recuperou troca de mensagens que revelam a intervenção dos dois PRFs a favor de Heliomar, também conhecido como Léo.

Embora tivesse registro de posse de arma desde julho de 2021, Heliomar não tinha licença para porte – ou seja, ele não poderia levar uma arma de fogo consigo.

Na abordagem policial, o traficante disse que conhecia o PRF Diego, que não trabalhava naquele posto.

Ao tomar conhecimento sobre a abordagem, no entanto, Diego mandou um áudio para Raphael e perguntou se o colega conhecia algum agente na região que pudesse “ajudar”.

“Raphael, frustrado, lembra que já havia alertado sobre a arma, mas fornece o número do posto de Itapuã do Oeste para Diego e instrui que ele informe aos PRFs que José Heliomar é um informante, colaborando para aliviar a situação dele”, diz um trecho do inquérito pela PF.

Em diálogos obtidos pela Polícia Federal, Diego conta que um colega de faculdade estava de plantão e “conseguiu ajudar” Heliomar. “Raphael comenta que a intervenção ‘rendeu pontos’ com José Heliomar”, descreve a PF no documento.

Abordagem ocorreu na véspera de missão de PRFs para transportar cocaína

Pouco antes da abordagem policial, Diego e Raphael tinham se encontrado com Heliomar e negociado um valor para transportar a droga.

A PF acredita, a partir de metadados dos aparelhos dos dois agentes, que eles fizeram a rota de Porto Velho (RO) a Navegantes (SC) entre os dias 12 e 14 de dezembro. Ao fim do destino, retornaram de voo para suas cidades. Raphael para Natal (RN) e Diego para Feira de Santana (BA).

Na semana seguinte, os dois trocam mensagem sobre uma próxima “missão”. Eles queriam ganhar R$ 2 mil por quilo de cocaína transportada, mas reclamaram que os valores estavam sendo negociados com Heliomar abaixo do que esperavam.

Os PRFs também comentaram entre si o fato de Heliomar querer ficar com 20% do total que os dois agentes receberiam como pagamento. Ainda na conversa de WhatsApp, Raphael Ângelo diz para Diego que, em uma das viagens, eles toparam fazer por R$ 1,2 mil “para fechar a parceria”.

Agentes da PRF trocaram mensagem sobre quanto cobrariam para transportar a droga – Reprodução/Documento obtido pela coluna

O que mais os PRFs faziam

Além do transporte de centenas de quilos de cocaína, os agentes de segurança pública tinham outras funções na organização criminosa: contrainteligência e direcionar flagrantes contra quadrilhas rivais. Eles usavam informações “sensíveis” e “sigilosas” para beneficiar o grupo criminoso, como saber quando e onde ocorreriam blitze e operações, bem como apontar rotas alternativas.

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