Gritos, choros, gemidos, ranger de dentes. Os sons de uma valsa dos horrores constam de vídeos e áudios divulgados neste sábado (16) pela advogada Yara Ramthor, da OAB-SP, defensora de parte de imigrantes inadmitidos no território brasileiro e que estão retidos, em uma sala no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, ao denunciar torturas e maus tratos contra os estrangeiros.
De acordo com a advogada, as torturas são atribuídas pelos imigrantes vítimas das sevícias à agentes da Polícia Federal lotados na delegacia do órgão dentro do aeroporto.
Delegados da instituição, no entanto, negam os casos embora nas imagens seja possível perceber que os homens em ação nos maus tratos aos estrangeiros, que são algemados ou amarados às cadeiras, além de serem espancados, envergam roupas com os símbolos da PF e com as cores da bandeira nacional brasileira.
Um delegado contatado pela advogada para conter as agressões, na noite de quinta-feira (14), chegou atribuir as torturas e os maus tratos a agentes estrangeiros contratados pela empresa de aviação Latam a fim de embarca-los nos aviões para levá-los de volta aos país de origem, numa deportação em massa, o que é proibido pela legislação brasileira.
“Muitos desses estrangeiros forçados a embarcar de volta aos países de onde fugirem, por risco de suas próprias vidas e que são enviado de volta para serem presos ou mortos, têm protocolados, por advogados, pedidos de permanência no Brasil como refugiados. Logo eles não podem ser deportados enquanto os documentos estão em tramitação”, disse a advogada Yara Ramthor.
“Nem deportados nem maltratados ou torturados, numa visível violação de direitos humanos e de crimes contra a humanidade. Se não é a Polícia Federal que está cometendo isso, cabe então à instituição averiguar, como autoridade policial, quem é que está de fato por trás disso”, peticiona a advogada à Polícia Federal.
No entanto, como prova de que são agentes da Polícia Federal a cometer abusos, como pisotear os testículos de propósito de um dos estrangeiros a fim de lhe infligi dor, a advogada recebeu um relógio de pulso, do tipo Smartwatwatch, esportivo e com memória capaz de receber e fazer ligações telefônicas, assim como armazenar números de telefone na agenda.
Ao ligar para um dos números encontrados no aparelho, a advogada acabou por falar com uma mulher que confirmou ser o aparelho de seu marido, um agente federal de nome Anderson, lotado na Delegacia da Polícia Federal no Aeroporto de Guarulhos, ao qual são atribuídos os crimes de tortura.
Nos áudios, enquanto fala com a esposa do agente acusado, a advogada o acusa de crimes e anuncia que vai entregar o aparelho à corregedoria da Polícia Federal como prova de que ele participou dos maus tratos e torturas aos estrangeiros. Ouça o áudio entre a advogada e a esposa do acusado:
Os estrangeiros que denunciam os maus tratos estão sendo submetidos à exames no Instituto Médico Lega (IML) de São Paulo. A advogada informou que autoridades internacionais, como o embaixador do Mali no Brasil, estão manifestando preocupações em relação às denuncias que ela vem fazendo e que estão sendo divulgadas pelo Contilnet.
Veja o vídeo: