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Tiktoker, ex-balconista e vereador eleito: quem é Rick Azevedo, idealizador de movimento contra a escala 6×1

Por O Globo

Rick Azevedo foi o 12º vereador mais votado no Rio de Janeiro — Foto: Reprodução / Redes sociais

Em meio à pressão das redes sociais desde o último fim de semana, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da deputada Erika Hilton (PSOL-SP) conseguiu mais adesão entre os parlamentares para ser levada a discussão na Câmara. O texto foi apresentado em maio deste ano, encampando a bandeira do Movimento Vida Além do Trabalho (VAT), liderado por Rick Azevedo.

Natural do Tocantins e vereador eleito no Rio de Janeiro no mês passado, Rick Azevedo tem 30 anos e ganhou visibilidade em setembro de 2023, com a publicação de um vídeo no TikTok em que ele se posicionava contra o regime CLT. O ex-balconista de farmácia desabafa sobre a carga de 44 horas semanais de trabalho.

Rick Azevedo foi o 12º vereador mais votado no Rio de Janeiro

Rick Azevedo foi o 12º vereador mais votado no Rio de Janeiro — Foto: Reprodução / Redes sociais

“Eu tô aqui revoltado com essa escala 6×1. (…) Quando é que nós da classe trabalhadora iremos fazer uma revolução nesse país relacionada à escala 6×1? É uma escravidão moderna, ultrapassada. Eu fico pensando: eu que não tenho filho, não tenho nada, sou sozinho, não dá para fazer as coisas. Imagina quem tem filho, tem marido, tem casa para cuidar?”, postou indignado à época.

Em pouco tempo o conteúdo ganhou visibilidade — atualmente, a postagem conta com mais de 140 mil curtidas e 1,2 milhão de visualizações.

“A gente não pode deixar que esse regime escravocrata continue nos escravizando porque estamos acomodados. Eu não passo fome porque tenho uma mãe que me socorre e tenho outras fontes, mas tem gente que trabalha e não tem o que comer. Estamos vivendo escravidão na pele sem fazer nada”, afirmou o Rick na ocasião.

O vídeo foi publicado em 13 de setembro de 2023, na parte da manhã, enquanto o agora vereador eleito estava a caminho do trabalho. Com o celular desligado durante o expediente, só se deu conta da repercussão que o seu post alcançou na internet quando ligou o aparelho e viu milhares de mensagens chegando.

O que era para ser apenas um desabafo nas redes sociais mudou completamente a vida de Rick Azevedo. Logo depois, decidiu criar um grupo no WhatsApp para programar ações com os apoiadores. Em menos de uma semana, a comunidade, que recebia até 2 mil pessoas, lotou. O nome do movimento foi criado junto com esses aliados. Entre várias sugestões, a sigla “VAT (Vida Além do Trabalho)” trouxe a definição do que ele defendia no vídeo.

Com o nome escolhido, Rick buscou orientação com especialistas para os próximos passos e teve a ideia de elaborar um abaixo-assinado que, ao ser lançado nas redes sociais, recebeu só na primeira semana 50 mil assinaturas. Atualmente, a iniciativa já soma mais de 1,3 milhão de adesões. Após o sucesso da petição, o político foi para as ruas e elaborou atos de panfletagens.

O movimento cresceu e a luta ganhou apoio da deputada Erika Hilton (PSOL) que, em 1º de maio, Dia do Trabalhador, apresentou ao Congresso uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) solicitando uma revisão da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). O objetivo principal é reduzir a jornada de trabalho no Brasil.

Em outubro, Rick acabou se tornando o vereador mais votado do PSOL no Rio nas eleições deste ano, sendo o 12º na colocação geral. Com mais de 200 mil seguidores no Instagram, ele obteve 29.364 votos de eleitores da cidade.

Após a viória, o tiktoker agradeceu, através das redes, por todo apoio recebido e ressaltou que continuará atuando em prol de melhores condições de vida para os trabalhadores.

“Quero que venham até mim, que compartilhem suas histórias, suas lutas. Eu escuto. Eu entendo. Meu objetivo é retribuir e amplificar as vozes das profissões que, muitas vezes, sentem-se ignoradas. Cada voto é motivo de profunda gratidão. Vamos construir juntos um mandato extraordinário, do trabalhador para o trabalhador. Quero ver todos ao nosso lado, porque não aceitaremos nada menos que dignidade”, escreveu.

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