Acreano preso durante pouso de avião é conhecido como ‘magnata fake dos bitcoins’

De acordo com uma reportagem do site Metrópoles, a operação foi desencadeada após a PF receber informações sobre a presença do fugitivo no voo.

Identificado como Thiago da Silva Rocha, o condenado por crimes de estelionato no Acre, e que foi preso na última terça-feira (3) em um avião no Aeroporto Internacional de Macapá, é conhecido como “magnata fake dos bitcoins”.

Ele foi encaminhado ao Centro Integrado de Operações em Segurança Pública (Ciosp) do Pacoval/Foto: Reprodução

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De acordo com uma reportagem do site Metrópoles, a operação foi desencadeada após a PF receber informações sobre a presença do fugitivo no voo. Um cerco foi montado e Tiago foi detido assim que desceu do avião. Ele foi encaminhado ao Centro Integrado de Operações em Segurança Pública (Ciosp) do Pacoval, onde os procedimentos legais foram feitos a fim de oficializar sua prisão.

As investigações que culminaram na prisão do “magnata fake dos bitcoins’’ é resultado de trabalho de parceria entre o Grupo de Capturas da Polícia Federal e a Delegacia de Capturas da Polícia Civil do Amapá. De acordo com os dados da PF, somente em 2024, essa parceria já resultou na localização e prisão de 184 foragidos.

Veja detalhes na coluna Na Mira, do Metrópoles:

A coluna conversou com a vítima, que foi casada com um irmão de Thiago. A servidora pública federal contou que, até então, o golpista não era muito próximo. “Depois que casei com o irmão dele, Thiago acabou separando e se aproximando mais. Em 2018, ele me procurou pra investir na corretora dele de Bitcoin”, disse.

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A servidora relatou que o magnata usou de muita lábia para convencer os familiares a investirem. “Na época, ele me contou que comprou 200 Bitcoins a R$ 2 mil reais cada, totalizando R$ 400 mil, que era todo o dinheiro que ele tinha. E disse ainda que havia investido R$ 1 milhão para criar plataforma que tinha uma corretora chamada DigStar Exchange. Ele me mostrou um site e me falou sobre como era possível investir valores a partir de R$ 10 mil e obter lucro”, lembrou.

Rendimentos de 5%

Alguns meses após a investida, a cunhada descobriu que o marido havia feito aplicações com o magnata e estava recebendo os rendimentos de 5% prometidos havia mais de um ano. “Ele me explicou sobre o assunto, alegando que, como eu era da família, ele não cobraria pela consultoria, e que meu marido estava ganhando dinheiro com ele, que recebia todos os meses, e que ele só deixava investir com ele quem era da família, pois era uma maneira de ajudar as pessoas que ele gostava”, relatou a vítima.

A ex-cunhada do golpista contou ter relutado, mas, em dezembro de 2018, resolveu transferir R$ 40 mil para a conta de Thiago. “Conversei com meu ex-marido antes, e ele aprovava a ideia. E conforme prometido, em janeiro recebi o meu primeiro rendimento de 5% sobre o valor investido, e nos meses subsequentes também. Às vezes, atrasava um pouco, mas todo mês caía”, lembrou.

Como o negócio realmente parecia bom, e o golpista era cunhado da vítima, a servidora acabou confiando de verdade e foi juntando dinheiro. De dezembro de 2018 a abril de 2021, a vítima investiu R$ 200 mil. “Em agosto de 2021, comecei a não receber mais. Passei a mandar mensagem cobrando o rendimento que estava atrasado, e ele me enrolava, arrumava desculpa que tinha dado um problema no site da corretora”, contou.

Promissórias fake

Pressionado pela ex-cunhada, o magnata resolveu fazer uma reunião para tentar solucionar o problema e quitar a dívida. “Nessa reunião, ele me disse que estava passando por um momento difícil e perguntou se eu aceitaria receber o montante investido em quatro parcelas”, explicou.

Como não tinha muitas opções, a servidora aceitou receber quatro notas promissórias, mas ela nunca viu a cor do dinheiro. “Eu ainda entrei em contato com o meu ex no fim de março pra cobrar, já que o Thiago não me respondia, e ameacei entrar na Justiça caso ele não pagasse. No entanto, de nada adiantou. Ele desapareceu e nunca mais respondeu”, desabafou.

O caso

Bom de papo, o operador mostrava aos clientes que era possível ter lucro mensal de 3% sobre o valor aplicado nos chamados blocos de ações e no mercado de criptoativos. Para isso, Thiago fazia reuniões, ministrava cursos de operação no mercado financeiro e mostrava a evolução das aplicações em tempo real por meio de uma plataforma desenvolvida por ele.

Simpático, sedutor e com discurso convincente sobre investimentos, Thiago se aproximou da família de uma trader, acostumada a operar no mercado financeiro. Durante meses, o golpista criou vínculo de amizade com a vítima e parentes dela, como o pai e a irmã. “A intimidade e o elo de amizade eram tamanhos que ele chegava a cozinhar na casa da minha família”, disse a mulher, de 43 anos.

A vítima foi convencida a retirar todas as aplicações financeiras usadas para operar no mercado de renda variável e repassá-las ao suposto trader. O caloteiro chegou a ficar com a senha de várias contas e controlar montante de aproximadamente R$ 1 milhão. “Em troca, Thiago dizia que esse valor renderia 3% ao mês. Ele chegou a pagar alguns dividendos, mas logo parou”, revelou a mulher.

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