A maior parte dos alunos que não possuem acesso à água tratada nas escolas são negros. É o que mostra o estudo Água e Saneamento nas Escolas Brasileiras: Indicadores de Desigualdade Racial a partir do Censo Escolar, do Instituto de Água e Saneamento e Centro de Estudos e Dados sobre Desigualdades Raciais (Cedra).
Segundo a pesquisa, “1 a cada 5 matriculados em escolas com predominância de negros não possui acesso ao abastecimento de água por rede pública”, enquanto 1 a cada 33 matriculados em escolas com predominância de brancos não possui acesso ao abastecimento de água por rede pública.
O levantamento do Cedra divide as escolas como predominantemente negras, mistas ou brancas. Para que uma escola se enquadre dentro de uma predominância, ela precisa ter mais de 60% dos alunos se identificando como de uma das raças.
Ao todo, 5,472 milhões de alunos de instituições públicas não possuem abastecimento de água em suas escolas. Destes, 2,77 milhões estão em escolas mistas; 2,44 milhões, em escolas predominantemente negras; e 260 mil, em escolas com predominância branca.
Água potável
O estudo revela também que 1,372 milhão de estudantes da rede pública não têm acesso à água tratada dentro do ambiente escolar. Do total, 768,6 mil estão em escolas predominantemente negras; 528,4 mil, em escolas mistas; e 75,17 mil, em escolas com mais alunos brancos.
“A chance de um aluno estar em uma escola de predominância negra que não fornece água potável é cerca de 7 vezes maior se comparado com a escola de predominância branca”, destaca a pesquisa.
Acesso a esgoto
Além disso, é apontado que 14,09 milhões de alunos de escolas municipais, estaduais/distritais ou federais não possuem acesso à rede pública de coleta de esgoto dentro das instituições.
Deste total, 6,85 milhões estão matriculados em escolas mistas; 5,9 milhões, em escolas com maioria negra; e 1,23 milhão, em escolas com predominância branca. “A chance do estudante negro estar numa escola de predominância branca e sem acesso à coleta de esgoto por rede pública é de quase 14%. Se ele estiver numa escola de predominância negra, a chance é de, aproximadamente, 50%”, mostra o estudo.