O Espaço do Tapiri, em Porto Velho (RO) foi o palco escolhido para a apresentação a peça teatral, Vozes do Interior, do grupo acreano de Pesquisa e Criação Artística Estrela Altaneira, nesse fim de semana (dias 7 e 8 de dezembro). A Apresentação marcou o encerramento da turnê do grupo na Região Norte.
A peça, inspirada nas histórias, seres do cotidiano e modo de viver das comunidades ribeirinhas, extrativistas, indígenas do interior do Acre, convida o espectador a navegar com o casal Francisco Firmino e Chiquinha do Pandeiro, em uma jornada pelos rios do Acre, à procura de Chica Brejeira, mãe de Chiquinha.
“ Assistir essa peça foi um encantamento. Primeiro pela pesquisa que o grupo trouxe pra gente, das histórias do interior, a coisa do ‘fuxico’, a sutileza dos objetos usados em cena, as histórias contadas durante a travessia nos rios, tocou meu interior, foi assim mesmo um presente”, avaliou Selma Pavanelli, atriz e produtora cultural rondoniense.
A proposta de criação da peça Vozes do Interior surgiu da pesquisa de Mestrado em Artes Cênicas do psicólogo, ator, produtor e diretor teatral Thales Vasconcelos. O tema propõe a criação de personagens com base em características das culturas acreanas.
Antes da apresentação em Porto Velho, o Estrela Altaneira esteve na Serra do Divisor e Aldeia Isã, na Terra Indígena Nukini, para apresentar o resultado do projeto às comunidades que inspiraram a criação da peça. “ A gente vê a nossa realidade, traz muita recordação, dos nossos antepassados, e que a gente ainda vive hoje. Um trabalho que a gente ficou feliz, se emocionou muito”, revelou Agimiro Magalhães, o Miro, morador da serra do Divisor, uma das localidades fonte de inspiração para a criação da peça.
Em Manaus, no Amazonas, o espetáculo reuniu o público do Teatro Barravento. Em Rio Branco, as apresentações que abriram a temporada 2024 reuniram crianças, jovens, adultos no Teatro de Arena do Sesc. Ao final da temporada, Thales Vasconcelos falou sobre os desafios para a realização do projeto. “Foi bem desafiador, em diversos aspectos. A gente precisou navegar muito tempo de barco, passar um bom tempo dentro de ônibus, ouvimos muitas histórias e conseguimos montar uma peça que cabe em duas malas, exatamentte pensando nos desafios de se deslocar pela Região Norte, o que ás vezes não é tão fácil. Foi um trabalho que nos deixou fisicamente desgastados, para realiza-lo, mas sentimentalmente, espiritualmente, gratificados, por poder estar em três comunidades tradicionais, em três capitais da região Norte, isso pra nós é muito simbólico.”
Financiado pelo Governo Federal, por meio do Ministério da Cultura através da Funarte pelo Edital Funarte Retomada 2023 – Teatro, o projeto contou com apoio da Universidade Federal do Acre (Ufac), Serviço Social do Comércio (SESC/AC), Governo do Estado do Acre, por meio da Secretaria de Estado do Meio Ambiente- SEMA, da Fundação de Cultura Elias Mansour – FEM e do Museu dos Povos Acreanos e do grupo rondoniense Teatro Ruante- Imaginário.