Com entrada gratuita e programação inclusiva, curta-metragem Proyatê estreia nesta quarta-feira

Com entrada gratuita, o evento promete mobilizar a comunidade com uma programação inclusiva e reflexiva

O Centro Cultural Dona Neném Sombra, localizado no bairro 15, na região do Segundo Distrito de Rio Branco (AC), receberá, nesta quarta-feira, 18, às 19h, a estreia do curta-metragem Proyatê: Um Grito Contra o Silêncio.

Com entrada gratuita, o evento promete mobilizar a comunidade com uma programação inclusiva e reflexiva.

Dirigido pelo jovem cineasta Carlos Eduardo de Souza Lima, Proyatê aborda questões sociais e ambientais atuais, evidenciando as dificuldades enfrentadas por comunidades atingidas pelas mudanças climáticas. O curta busca dar voz a histórias muitas vezes silenciadas, despertando reflexões sobre a urgência desses temas.

A obra é financiada pela Prefeitura de Rio Branco, por meio da Fundação Garibaldi Brasil, e conta com recursos da Lei Paulo Gustavo (LPG), do Governo Federal e Ministério da Cultura. O projeto também recebe apoio de importantes instituições, como o Instituto Social, Cultural e Esportivo Malucos na Roça, Evoluy, Andes e o próprio Centro Cultural Dona Neném Sombra.

Além da exibição, o evento inclui a distribuição gratuita de lanches e contará com a presença de intérprete de Libras, o que afirma o compromisso com a acessibilidade e a inclusão de todos os públicos.

De acordo com Carlos Eduardo, o evento é uma celebração do cinema local, ressalta o papel da arte como instrumento de transformação e conscientização. Além disso, ele fala sobre o que o inspirou a realizar o projeto foi por ser morador por longos anos no Bairro Seis de Agosto.

“Acho que eu vivi, praticamente, a minha vida quase toda ali na 6 de agosto. Então, passei por grandes alagações como a de 2015, por exemplo. Tive uma infância muito pesada, muito triste, porque eu via a água entrando na minha casa, perdendo meus brinquedos, eu não tenho nenhuma foto quando eu era bebê, porque a alagação levou tudo. Perdia material escolar e móveis, como minha cama. É algo muito, muito triste. Tudo isso eu não tinha como falar pra ninguém. Era como se minha voz fosse silenciada e ninguém se importasse com aquilo. Acho que foi essa a maior inspiração, porque eu passei pra aquilo e sei como é ruim ninguém te escutar’, relembra.

Ainda segundo o diretor, o documentário é o chamado “cinema verdade”, que não é planejado e nem atuado. Todos os relatos têm base na experiência de cada entrevistado.

Entre os entrevistados, está o jovem Willian Silva, de 24 anos, morador do bairro Cidade Nova, desde os 10 anos de idade. Ele relatada que passou por grandes alagações como as de 2012, 2015, 2020 e 2024.

“Já sofri a alagação de 2012, a alagação de 2015, a alagação de 2023 e a alagação de 2024. E desde a minha primeira alagação a gente tinha aquele negócio de sair, ter que sair de dentro das casas e tinha o receio de alguém levar alguma coisa das nossas casas, por conta das enchentes e tudo. E em 2020 a minha mãe fez uma casa de dois pisos, justamente referente a se alagar, se a gente pudesse colocar as coisas na parte de cima da e poder guardar”, conta.

Willian relata ainda que a situação da rua em que mora fica crítica quando o Rio Acre enche.

“A situação da rua fica bem crítica em questão da alagação, por conta de várias coisas, apoio do governo, que, por muitas vezes, a gente acaba não tendo. E, enfim, fica uma rua praticamente descartada das pessoas no momento da alagação. Quem se ajuda mesmo é moradores e vizinhos que ficam nas suas casas e não saem das suas casas. Só trepa as coisas e fica em casa de algum vizinho, alguma coisa assim. E é bem complicado nesse período das enchentes e tudo. A gente fica naquele, ainda mais dois anos seguido, como foi em 2023 e 2024. Coisas que não vinham assim frequentemente, sempre tinha um intervalo de dois anos, três anos para poder alagar de novo. Só que hoje em dia a tendência é só piorar e a, cada ano, ser uma alagação pior quê a outra. Então realmente é muito complicado no período das enchentes. Período de fevereiro para março, quando passa da cota de alerta é uma situação bem crítica”, lamenta.

É por relatos como os do documentário, que Eduardo deseja que as vozes de centenas de moradores de entorno do Rio Acre sejam ouvidas.

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