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Como foi a despedida da torcida do Vitória, sensação do Brasileirão, do Barradão em 2024

Por O Globo

Os dias da “experiência Barradão” em 2024 findaram com muita festa nesta última quarta-feira. O empate em 1 a 1 com o Grêmio foi o último compromisso do Leão em seu estádio nesta temporada, restando apenas um jogo contra o Flamengo, no Maracanã, pela última rodada do Campeonato Brasileiro. Foi de Alerrandro, que agora divide a artilharia do campeonato (14 gols) com Yuri Alberto, o tento que fez a festa da torcida rubro-negra, uma das sensações da temporada. O GLOBO acompanhou do estádio a despedida.

A bateria de surdos acelerados que viralizou nas redes não esconde a identidade cultural ligada à percussão dos grupos de Salvador. As principais torcidas organizadas do clube também incorporam características do pagodão baiano, ritmo que faz sucesso na cidade. “Aqui no Barradão // O Leão é mau”, versos de “Corra do Barradão”, de PR Black, era uma das músicas que ecoavam no sistema de som antes do início da partida. “Pitbull enraivado”, de Oh Polêmico, também era parte da trilha sonora.

A torcida do Vitória no Barradão — Foto: Vitor Seta

O Barradão tem uma configuração geográfica curiosa. Fica numa espécie de vale (era um lixão antes da construção do estádio) entre ladeiras no bairro períférico de Canabrava. Uma vez dentro do estádio, o torcedor o vive de diferentes forma: nas escadas, nas cadeiras, na arquibancada e (principalmente) no alambrado.

A quantidade de torcedores que passam o jogo vibrando no topo do alambrado atrás de um dos gols, onde fica uma das principais torcidas organizadas do clube (que comanda a bateria e o ritmo), chega a tornar irônicos os avisos do sistema de som do estádio pedindo que não se apoiem na estrutura.

Torcida do Vitória no Barradão — Foto: Vitor Seta

Contra o Grêmio, o GLOBO também viu muitas crianças e famílias no estádio. Muitas delas foram à forra com o simples, mas importante gesto do meia Matheusinho, fora da partida por lesão, mas que parou para tirar fotos e atender pedido dos fãs mirins nas arquibancadas.

Durante a partida, a torcida dá um show a parte. Sempre acelerados sonoramente e se movimentando, alternam músicas que exaltam o clube e o apelido Nego, passando por provocações aos rivais e pela ode aos próprios rubro-negros. Contra o Grêmio, houve um certo momento de baque no gol gaúcho, que abriu o placar. Mas logo os donos da casa recuperaram o ritmo, ajudando seus apoiadores a recuperar também a confiança para os gritos e o uso dos instrumentos.

O gol de cabeça de Alerrandro, já no segundo tempo, ajudou o Vitória a garantir vaga na Copa Sul-Americana do ano que vem. Um feito que foi reconhecido já no fim, quando a torcida gritou “time de guerreiros” para os comandados de Thiago Carpini. O técnico, que negocia últimos detalhes na renovação de contrato e revelou querer muito permanecer no Vitória, mandou mensagem de agradecimento à torcida do Leão na entrevista coletiva.

“Fantástica, de arrepiar, gratidão. Obrigado pelo apoio, pelos corredores, pelos aeronegos, pelas críticas que nos fizeram melhorar, desde que respeitosas. Foram fundamentais. Fizeram parte da nossa caminhada”.

A partida desta quarta-feira teve 26.842 torcedores presentes. No Campeonato, o Vitória já soma mais de 415 mil presenças, uma média de pouco mais de 23 mil por jogo. De degrau em degrau, o Leão reconquista espaço na elite do futebol brasileiro. E revela uma base de fãs apaixonada: o clima único nas arquibancadas se reflete também nas confraternizações no estacionamento do Barradão, num animado e tradicional pós-jogo. Uma torcida que virou sensação e sabe que pode fazer a diferença.

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