Para evitar acidentes que, ao longo do tempo, algumas vezes fatais, ocorrem na manipulação de fogos de artifício e outros explosivos a pretexto das comemorações pela chegada de um novo ano, que vai acontecer dentro de algumas horas, médicos da Sociedade Brasileira de Cirurgia da Mão (SBCM) emitiram, nesta terça-feira (31), um alerta para os riscos de acidentes graves. De acordo com o alerta, quando manipulados por pessoas não especializadas, os rojões e bombas podem causar lesões sérias, como queimaduras de terceiro grau, traumas ósseos, amputações e até mesmo a morte.
No bairro da Base, em Rio Branco, no Acre, faz a alegria da região central da capital a cada virada de ano com as explosões de fogos e rojões, e por isso se tornou o “Ted Fogueteiro”, um personagem icônico da cidade.
Mas, em meio às explosões de fogos de artifício e de emoções, nem sempre tudo acaba bem. “A força da explosão, combinada com o calor intenso, pode resultar em danos graves aos ossos, como fraturas nos dedos, nas mãos e até no punho. A explosão pode causar ainda lacerações profundas, danos aos tecidos e até amputações, dependendo da gravidade do acidente”, destacou o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia da Mão (SBCM), Antonio Carlos da Costa.
O médico orienta que precauções rigorosas sejam tomadas ao soltar fogos de artifício, principalmente a de não manusear os artefatos diretamente com as mãos. “Utilize sempre utensílios apropriados, como suportes ou disparadores, para manusear os fogos. Evite segurá-los diretamente nas mãos, mesmo os mais simples”, aconselha Costa.
Mas, para o acreano conhecido como “Ted Fogueteiro”, na verdade o apelido de Jamildi Pérsio Macário Darub, de 61 anos, tudo é festa nesta época do ano, no bairro da Base. Ele utiliza um espaço às margens do rio Acre, no bairro da Base, para explodir os rojões e fogos a cada chegada de ano novo, há pelo menos quatro décadas.
O primeiro apelido, Ted, é, na verdade, uma sigla para “Terror das Empregadas Domésticas”, como ele era chamado desde a juventude por ter, ao que tudo indica, uma queda além dos fogos – as empregadas domésticas, com as quais namorava em profusão. Passou a ser chamado então pelos amigos de Terror das Empregadas Domésticas e, para simplificar, os mesmos amigos reduziram o pomposo apelido para a sigla. E Fogueteiro, por óbvio, veio dos bombardeios que ele promove a cada chegada de ano novo.
Mas Ted Fogueteiro concorda que a atividade é de fato perigosa, embora ele nunca tenha sofrido ou causado acidentes por causa da atividade. “Faço tudo com muito cuidado e segurança”, afirma. E não aconselha que outras pessoas, sem experiência, sigam os seus passos.
Hoje, Ted Fogueteiro é ajudado nas despesas com os fogos por moradores e comerciantes do bairro, como o comerciante José Veras, dono do bar conhecido como “Zé do Braco”. “Os fogos dele já viraram tradição e, sempre que é possível, a gente ajuda”, diz. Ted Fogueteiro relata que a cada ano os fogos ficam mais caros e que ele chega a gastar, anualmente, mais de R$ 1 mil com o custeio da brincadeira e animação. “Já houve pessoas que me disseram que eu estava ficando louco por ter tirado o dinheiro do bolso. Todos me criticavam, mas depois chegavam e diziam que tinham gostado. Cada ano que passa me animo cada vez mais”, conta.
A festa conta ainda com o apoio do Corpo de Bombeiros e do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).