A política movimentou o Acre em 2024, principalmente por ser ano eleitoral. O ContilNet trouxe uma retrospectiva dos momentos mais marcantes da política local, com visita de ministros do Governo Lula, vinda de figuras políticas e campanha eleitoral. Confira:
MINISTROS NO ACRE
Antes das eleições, o Estado já começou movimentado com a visita de ministros do Governo Lula: Marina Silva e Waldez Góes, do Meio Ambiente e do Desenvolvimento Regional e Integração, respectivamente.
A dupla veio ao Acre durante a vazante do Rio Acre, que causou a maior enchente da história de Brasiléia e a segunda maior em Rio Branco.
Em abril, cinco ministros de Lula vieram ao Acre em apenas uma semana. Durante a visita, os aportes que foram garantidos pelo Governo Federal ultrapassam mais de um bilhão e meio de reais. São recursos destinados, principalmente, para áreas sensíveis como a de combate à fome e de infraestrutura viária. Mas também para o meio-ambiente e para a regularização fundiária.
Os anúncios foram feitos durante encontros com o governador Gladson Cameli, e também em reuniões vinculadas ao 27º Fórum de Governadores da Amazônia Legal, tendo este último evento reunido governadores e representantes de nove estados da região.
A ministra Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) e o ministro Sílvio Costa Filho (Portos e Aeroportos) anunciaram detalhes de um projeto chamado de ‘Rota Quadrante Rondon’, cujo objetivo é permitir, definitivamente, o acesso do Acre aos portos peruanos no Oceano Pacífico com um corredor de exportação de produtos brasileiros pelo estado que alavancará a economia local.
Costa Filho, por sua vez, garantiu o retorno dos voos da Azul Linhas Aéreas para o Acre e a reforma dos aeroportos de Rio Branco e Cruzeiro do Sul ao custo de R$ 160 milhões em recursos do Governo Federal.
O ministro Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) anunciou um estudo de georreferenciamento beneficiando ao menos 46 projetos de assentamento e 16 glebas públicas federais. Os recursos, R$ 30 milhões, permitirão a regularização fundiária e a titulação de terras de 5 mil famílias acreanas até 2026. Outros R$ 400 milhões, do Fundo Amazônia, serão usados no auxílio a produtores de florestas de uso sustentável, que geram renda.
O ministro Wellington Dias (Assistência Social e Combate à Fome) anunciou o que deverá ser o maior pacote de investimentos na história do Acre para fins de segurança social e alimentar: R$ 1,6 bilhão que deverão ir para diversos programas sociais ainda este ano, em todo o estado do Acre.
No Palácio Rio Branco, à noite, num jantar, o governador Gladson Cameli recebeu a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e a diretora do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, Tereza Campello. Na ocasião, assinaram contrato de quase R$ 100 milhões do Fundo Amazônia. O fundo é fruto da captação de doações para investimentos de boas práticas sustentáveis.
Em 18 de dezembro, o ministro Waldez Góes retornou ao Acre para a realização do seminário “A Solução para o Saneamento Básico na Amazônia – O Modelo Inovador do Amapá”. Na ocasião, Waldez anunciou a liberação de R$ 16,8 milhões pelo Governo Federal para a Prefeitura de Rio Branco executar a obra de reconstrução da ETA 2, que teve parte de sua estrutura comprometida após um desbarrancamento registrado ainda nesta semana.
FÓRUM DE GOVERNADORES DA AMAZÔNIA LEGAL
O Acre sediou o 27º Fórum de Governadores da Amazônia Legal em abril. O evento reuniu 54 secretários de estados, 9 governadores e ministros do Governo Federal para abordar questões como queimadas, desmatamentos e crimes transfronteiriços.
Durante o evento, os ministros e os governadores assinaram alguns termos de cooperação, entre eles, o Protocolo de Intenções para Redução da Pobreza, e um acordo de cooperação técnica com o Unibanco.
De acordo com o governador Gladson Cameli, o encontro é uma oportunidade para fortalecer o estado do Acre.
“Esse é um momento em que o mundo está de olho na Amazônia e eu preciso gerar emprego e renda. É uma pauta em que o Meio Ambiente está em protagonismo e eu preciso criar as oportunidades em paralelo, preservar, mas gerar emprego e renda”, disse.
BOCALOM SAI DO PROGRESSISTAS
Além de eventos institucionais e políticos, outras ações também movimentaram o cenário no Acre. O prefeito Tião Bocalom anunciou, na Praça da Revolução, sua saída do Progressistas, partido no qual disputou as eleições para Prefeitura de Rio Branco e afirmou a filiação no Partido Liberal, o PL de Bolsonaro.
Como anunciado em primeira mão pelo ContilNet, durante o Carnaval, Bocalom disse que iria se filiar no PL de Bolsonaro.
BOLSONARO E MICHELLE NO ACRE
O ex-presidente chegou ao Acre no dia 21 de março para filiar Bocalom, receber o título de cidadão rio-branquense da Câmara de Rio Branco e participar de outras agendas.
Durante a visita do ex-presidente, Michelle Bolsonaro também visitou Rio Branco, onde o casal passou seus aniversários, nos dias 21 e 22 de março. Além de Bolsonaro, outras lideranças da direita também vieram ao Acre, como a própria ex-primeira dama, que retornou ao Estado durante o período de campanha, em apoio ao candidato à reeleição à Prefeitura de Rio Branco, Tião Bocalom, do PL.
NIKOLAS FERREIRA NO ACRE
O deputado federal Nikolas Ferreira (PL/MG) veio ao Acre em 30 de setembro, pela primeira vez, para reforçar sua presença na campanha de reeleição do prefeito Tião Bocalom. O deputado participou de um comício em Rio Branco.
No discurso, Nikolas declarou que o Acre ‘parou no tempo’ após mais de 20 anos de gestão petista. Ele completou dizendo que é o momento da população ‘chutar a esquerda’ do estado. Além disso, o deputado também falou que a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que nasceu no estado, é ‘uma pessoa ruim’.
As críticas à ministra vieram após o deputado falar sobre os mais de 20 anos em que o estado do Acre foi governado por políticos de esquerda.
ELEIÇÕES 2024
Falando em eleições, o assunto movimentou o Estado com as Eleições Municipais, que escolheram os novos 22 prefeitos das cidades do Acre, além dos vereadores para a próxima legislatura. Em Rio Branco, pela primeira vez, os eleitores votaram para escolher 21 vereadores, número que aumentou após aprovação de projeto na Câmara Municipal de Rio Branco ainda em 2023.
Para concorrer nas eleições, gestores e secretários precisaram deixar os cargos. Foi o caso da secretária de Saúde de Rio Branco, Sheila Andrade, do secretário de Cuidados com a Cidade de Rio Branco, Joabe Lira, e do coordenador da Defesa Civil de Rio Branco, tenente-coronel Cláudio Falcão. Os cargos foram direcionados para outros servidores.
O mesmo ocorreu com Gabriela Câmara, que concorreu às eleições municipais pelo cargo de vereadora, mas antes precisou ser exonerada do cargo de presidente do Instituto de Terras do Acre (Iteracre), sendo substituída por Romário Costa.
Outras pastas também ganharam novos gestores, como a Fundação Hospitalar do Acre (Fundhacre), que após a saída do vereador diplomado, João Paulo Silva, foi assumida por Ana Beatriz Souza e, meses depois, por Sóron Steiner, e a Secretaria de Meio Ambiente do Acre, que tinha como gestora Julie Messias e, após pedido de exoneração, passou a ser comandada por Leonardo Carvalho.
Além disso, a Secretaria Extraordinária de Esporte e Lazer (SEEL) foi recriada e Ney Amorim foi nomeado gestor da pasta.
Antes das convenções partidárias, os partidos lançaram os nomes dos pré-candidatos, que seriam Alysson Bestene, pelo Progressistas, Tião Bocalom, pelo PL, Marcus Alexandre, pelo MDB, Emerson Jarude, pelo NOVO e Jenilson Leite, pelo PSB. Após conversas, o PL e Progressistas decidiram pela união das chapas.
As campanhas deram o ‘start’ após as convenções, que aconteceram entre os dias 20 de julho e 5 de agosto. A primeira convenção aconteceu no dia 22 de julho, no Ginásio do Sesc, em Rio Branco e reuniu apoiadores do atual prefeito Tião Bocalom, do PL, e o vice-candidato, Alysson Bestene, do Progressistas.
Quatro dias depois, no mesmo local, no Ginásio do Sesc, Marcus Alexandre e Marfisa Galvão realizaram a convenção partidária que oficializou a chapa. A festa foi comandada pelo MDB, partido de Marcus, e pelo PSD, de Marfisa e Petecão.
Já no dia 30 de julho, no Gran Reserva, aconteceu a convenção da chapa puro-sangue do NOVO, encabeçada pelo deputado estadual Emerson Jarude.
Outra chapa puro-sangue, do PSB, foi oficializada em convenção partidária, que tinha o ex-deputado Jenilson Leite como pré-candidato e o pré-candidato a vice, o advogado Sanderson Moura.
Após as convenções, iniciaram as campanhas. No dia 6 de outubro, a população foi às urnas para votar em seus candidatos. O ContilNet transmitiu, em tempo real, a apuração dos votos nas eleições municipais de 2024. Em Rio Branco, o prefeito Tião Bocalom foi reeleito com quase 55% dos votos.
CONHEÇA OS PREFEITOS ELEITOS E REELEITOS NO ACRE
No dia 17 de dezembro, os prefeitos, vice-prefeitos e vereadores eleitos e reeleitos foram diplomados em uma cerimônia realizada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-AC) e contou com a participação do governador Gladson Cameli; dos desembargadores Júnior Alberto e Waldirene Cordeiro; da defensora pública-geral Simone Santiago; da reitora da Ufac, Guida Aquino; do juiz eleitoral Alesson Braz; do representante da OAB, Thalles Vinícius; e da promotora Rita de Cássia, representando o MPAC.
AMEAÇAS E INVESTIGAÇÕES
O prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom, foi alvo de ameaça de morte em 2024. Em entrevista exclusiva concedida ao ContilNet na noite de 15 de outubro, o coronel Ezequiel Bino, chefe do Gabinete Militar da Prefeifura de Rio Branco, informou que o prefeito reeleito Tião Bocalom recebeu uma ameaça de morte.
A informação foi repassada à equipe do prefeito pela Polícia Civil, que está investigando o caso. De acordo com o órgão, a ameaça seria concretizada na noite desta terça-feira. Por precaução e segurança, a assessoria do prefeito decidiu suspender as agendas externas do chefe do executivo e acomodá-lo em outro local, fora de sua casa.
Outro candidato que também sofreu ameaças, desta vez, durante o período eleitoral, foi o delegado Railson Ferreira, prefeito diplomado de Feijó, no interior do Acre.
O Fantástico, da Rede Globo, mostrou a intensificação das ações da Polícia Federal no combate aos crimes eleitorais e destacou a situação ocorrida em Feijó, município do interior do Acre, em que uma facção criminosa ameaçava eleitores e agia para tentar evitar que um dos candidatos fosse eleito.
Trata-se do delegado Railson Ferreira, eleito com 49,99% dos votos válidos, que desbancou candidatos como Cláudio Braga (Progressistas), Cadmiel Bomfim (União Brasil) e Terezinha (PL).
Em julho, o ContilNet já havia divulgado que o então pré-candidato à prefeitura estava sofrendo ameaças com relação a sua pré-campanha.
O aplicativo Pardal 2024, desenvolvido pela Justiça Eleitoral para registrar denúncias contra propaganda irregular, já reúne 195 ocorrências até o dia 02 de outubro. Do total, 52 são contra candidatos a prefeito, 76 contra candidatos a vereador, 6 contra candidatos a vice-prefeito e 61 contra partido/coligação/federação.
As Operações Fortium e Atlas foram deflagradas pela Polícia Federal, no dia 1 de outubro, nas cidades de Plácido de Castro e Senador Guiomard, no interior do Acre. As investigações iniciaram a partir de informações que integrantes de organização criminosa estariam proferindo ameaças a candidatos e embaraçando o livre desenrolar do pleito eleitoral.
ELEIÇÕES OAB
Outro assunto bem comentado neste ano foi a eleição para a presidência da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Acre (OAB-AC), que aconteceu entre Marina Belandi e o atual presidente Rodrigo Aiache, que venceu a disputa.
DESTAQUE
Além das Eleições 2024, o procurador do Ministério Público do Acre, Sammy Barbosa, entrou para lista tríplice de novo ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Os nove governadores do Consórcio da Amazônia Legal assinaram uma carta destinada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pedindo que ele escolha o procurador do Ministério Público do Acre (MPAC), Sammy Barbosa, que foi incluído nesta semana na lista tríplice de membros que concorrem à cadeira no STJ.
PROJETOS POLÊMICOS
Antes de deixar a Câmara de Rio Branco no final deste ano, o vereador João Marcos Luz (PL) – que não conseguiu se reeleger nas eleições deste ano -, líder do prefeito Tião Bocalom na Casa, propôs realizar uma audiência pública para tratar sobre dois projetos que tratam sobre direitos do público LGBTQIANPN+.
O primeiro, de autoria do próprio vereador, trata sobre a proibição da participação de crianças na Parada do Orgulho LGBTQIANPN+ em Rio Branco, que deu o que falar.
A Procuradoria da Câmara Municipal de Rio Branco emitiu o parecer jurídico rejeitando o projeto que proíbe a participação de crianças na parada LGBTQIANPN+. No documento, a Procuradoria recomendou a rejeição do projeto e apontou que a matéria é inconstitucional.
O Projeto de Lei (PL) 14, que define a proibição de crianças na Parada do Orgulho LGBT, foi aprovado por 10 votos pela Câmara de Vereadores de Rio Branco no dia 13 de novembro. A única que votou contra a proposta foi a vereadora Elzinha Mendonça (PP).
O prefeito Tião Bocalom decidiu vetar o projeto e destacou que sua decisão foi tomada a partir do parecer jurídico da Procuradoria da Prefeitura.
Outro projeto que chamou atenção na Câmara de Vereadores de Rio Branco foi o PL que autoriza o uso da Bíblia nas escolas. Os vereadores da Câmara Municipal de Rio Branco aprovaram no dia 22 de outubro, por unanimidade, o Projeto de Lei (PL).
O projeto, de autoria do vereador e pastor Arnaldo Barros, do Podemos, gerou discussões. Após aprovação na Câmara Municipal, o prefeito Bocalom sancionou a lei “Bíblia nas Escolas” durante uma cerimônia.