Invasão das mucuras: por que esses animais estão se tornando mais presentes em Rio Branco

O aumento no número de avistamentos não está relacionado com o período reprodutivo destes animais

Nos últimos dias muitas mensagens chegaram à redação do ContilNet questionando sobre o aparecimento de diversas “Mucuras” pela cidade de Rio Branco. Mas o que causou o aparecimento de tantos animais em tão pouco tempo? O que levou a aproximação desses seres às cidades? Onde vivem, o que comem e como se reproduzem?  Hoje, o ContilNet te explica essas e outras coisas sobre as “mucuras”.

As mucuras estão saindo cada vez mais do seu habitat natural e se aproximando das cidades/Foto: Reprodução

O Didelphis marsupialis, as famosas “mucuras”, são marsupiais como as cuícas e cangurus, e tem como sua característica diferencial o marsúpio, bolsa de pele utilizada para carregar seus filhotes.

O nome popular do animal é o Gambá-comum foi o primeiro marsupial a ser conhecido pelos europeus, por volta do ano 1500, quando foi levado para o continente durante as grandes navegações, quando se espalhou por outros lugares do mundo para além da América Latina.

O professor do curso de Biologia da Universidade Federal do Acre (Ufac), Armando Muniz Calouro, é especialista em mamíferos da Ufac e explica um pouco sobre o animal e alguns de seus hábitos.

“Aqui no Acre só existe uma espécie de mucura,  Didelphis marsupialis. É conhecida como gambá em outras regiões do Brasil. É um marsupial comum, não é ameaçado de extinção.  É onívoro e se adapta bem em ambientes perturbados”, ressaltou o estudioso sobre a ampla gama de possibilidades alimentícias do animal.

O professor reforça ainda que é devido essa saída dos fragmentos florestais, áreas de vegetação natural que foram interrompidas por barreiras naturais ou humanas, como estradas, povoados, pastagens, montanhas, lagos e represas, por exemplo, que os avistamentos dos animais são feitos.

O professor Armando Muniz Calouro é o especialista em mamíferas do curso de Biologia da Ufac/Foto:Cedida

Armando Muniz reforça ainda que esse aumento no número de avistamentos não está relacionado com o período reprodutivo destes animais, e que na realidade o grande número de indivíduos dentro desses fragmentos “força” os mais jovens a explorarem outras áreas, tendo o contato maior com ambientes urbanos.

“Na verdade não tem ligação com o período de reprodução. Tem a ver com o aumento populacional da espécie nos fragmentos florestais. Os indivíduos jovens saem desses fragmentos em busca de novos locais. Como disse, isso é um relativamente comum”, ressalta. 

“A questão é que é uma área limitada. A população cresce até o limite máximo.  Novos indivíduos têm que sair . A falta de predadores também facilita esse fenômeno.

Mucuras são muito competitivas, comem de tudo, são pouco exigentes em termos de dieta e habitat”, explica de maneira mais aprofundada.

Por fim, o professor enfatiza ainda que o manuseio destes animais não é recomendado, e que o mais correto a se fazer, caso um deles esteja em sua residência, ou avistado em ambiente urbano, é o acionamento do corpo de bombeiros, para que a remoção do bicho seja realizada.

“Não é recomendado manusear esses animais, eles podem morder. Se entrar na casa, o indicado é chamar os bombeiros, que têm treinamento e equipamentos para pegar esses animais”, recomenda o professor.

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