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Levantamento nacional mostra as quatro cidades mais violentas do Acre nos últimos anos; confira

Por Everton Damasceno, ContilNet

André Borges/Esp. Metrópole

Foi publicada, nesta semana, a 3ª edição do Cartografias da Violência na Amazônia, um projeto de pesquisa que analisa dados sobre a criminalidade, ilegalidades e segurança pública na região, elaborado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) em parceria com o Instituto Mãe Crioula (IMC). O levantamento traz dados sobre o Acre e os demais estados da Amazônia Legal.

Entre as questões apresentadas, está o número de mortes violentas letais no triênio 2021-2023.

A taxa de mortes no Acre ainda é considerável/ Foto: Reprodução

O Estado apresentou uma redução de 9,7% na taxa de mortes violentas intencionais entre 2022 e 2023, chegando à taxa média de 25,8 por 100 mil habitantes em 2023, a menor taxa de mortalidade entre os estados da Amazônia Legal, destaca o estudo.

“Apesar deste resultado positivo, a análise por município mostra que a violência se distribui de forma bastante heterogênea no território. Considerando a taxa média do último triênio, as taxas variam de 5,0 mortes por 100 mil habitantes em Santa Rosa dos Perus a 57,9 por 100 mil habitantes em Brasileia”, acrescenta.

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O estudo aponta ainda que, por estar em área de fronteira, o Acre enfrenta uma situação delicada no quesito violência.

“Em primeiro lugar, vale destacar que o Acre faz fronteira com o Peru e a Bolívia, dois produtores de cocaína e países muito visados pelo narcotráfico, pois revelam-se como territórios estrangeiros que detêm, respectivamente, a segunda e terceira maior cobertura de plantio de coca do planeta, ficando atrás somente da Colômbia. Esse fator os torna terreno fértil para as atividades ilícitas das organizações criminosas, especialmente para o tráfico de drogas e de armas”, acrescenta.

Cidades mais violentas

Proporcionalmente, Brasileia foi a cidade mais violenta no período de 2021 a 2023, com taxa média de MVI (Mortes Violentas Intencionais) de 57,9 por 100 mil habitantes.

Cidade de Brasiléia/Foto: Reprodução

“Brasileia é uma cidade que sofre com o conflito entre facções rivais: de um lado, o Comando Vermelho, que domina quase todo o estado; de outro, a B13, que conta com o apoio do PCC. O conflito entre os grupos criminosos tem resultado em muitos homicídios. A região é vista como estratégica para o tráfico de drogas, mas também para o tráfico e contrabando de pessoas entre a Bolívia e o Brasil, tendo sido objeto de um evento sobre o tema em outubro de 2024, entre representantes dos governos de ambos os países”, pontua.

Assis Brasil, vizinha a Brasileia, ficou em segundo lugar, com taxa de MVI de 49,6 no triênio.

Assis Brasil também é cidade de fronteira/Foto: Reprodução

“Assim como Brasileia, é tida como uma rota importante para crimes transnacionais na tríplice fronteira entre Brasil, Peru e Bolívia. A cidade hoje é monopolizada pelo Comando Vermelho, mas até recentemente foi objeto de disputa por diferentes grupos criminosos”, acrescenta.

O estudo mostra preocupação com a ameaça que as facções representam para indígenas, ribeirinhos e extrativistas na região:

“A influência do Comando Vermelho, que tem o controle da maior parte do estado, só cresceu, o que se tornou uma ameaça aos povos indígenas, ribeirinhos e extrativistas da região, que sofrem com o aliciamento e a opressão do crime organizado em seus territórios.”

Em 3º lugar, vem Senador Guiomard, com 40,4 mortes para cada grupo de 100 mil habitantes no triênio 2021-2023.

Senador Guiomard está localizado a 24 km de Rio Branco/Foto: Reprodução

“Neste caso, as evidências indicam que é um município cujo monopólio é do Comando Vermelho, o que parece explicar a redução de 42,8% na taxa de MVI entre 2022 e 2023. Ainda assim, quando considerada a taxa trienal, a cidade está entre as três mais violentas do estado no período”, explica.

No ranking, Epitaciolândia vem em 4º lugar, com taxa de mortalidade de 39,3 por 100 mil habitantes.

Cidade de Epitaciolândia/Foto: Gleilson Miranda/Governo do Acre

“É a quarta cidade mais violenta do estado. Vizinha a Brasileia, também faz fronteira com a Bolívia e assistiu ao crescimento da violência letal no último triênio. É uma das poucas cidades do estado em que o CV não se tornou hegemônico e sofre com os conflitos entre facções criminosas”, diz o estudo.

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